Coisas de Destaque

“Se você não for cuidadoso os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar as que estão oprimindo” (Malcolm X – 1925-1965)

“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” (Joseph Pulitzer – 1847-1911)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Novos Caminhos da campanha de Serra


Depois da reunião de cupula do DEM/PSDB ontem dia 28/06 , foi determinado um novo caminho para os seus corregilionários seguirem.
Você vai junto?

20 coisas que a internet está destruindo

Abaixo está uma lista reformulada e adaptada com 20 coisas, entre hábítos e posturas sociais, que a internet está destruindo:


1 – A arte de discordar educadamente
As discussões insignificantes dos iniciantes do YouTube podem não ser representativas, mas certamente a internet aguçou o tom dos debates. O mundo dos blogs parece incapaz de aceitar as diferenças de opinião. E os trolls crescem em cada canto da web.
2 – Medo de ser a única pessoa do mundo não tocada pela morte de uma celebridade
O Twitter se tornou uma tribuna aberta para piadas sobre a morte de pessoas famosas. Algumas de muito mau gosto, mas um antídoto para o “luto” dos fãs que, de outra forma, predominaria.
3 – Ouvir um disco do início ao fim
Os singles são um dos benefícios improváveis da internet. Por um lado, não é mais preciso aguentar oito músicas chatas para poder ouvir uma ou duas que valem a pena. Mas, por outro lado, álbuns que valem a pena terão a audiência que merecem?
4 – Pontualidade
Antes dos celulares, as pessoas precisavam manter seus compromissos e chegar ao restaurante na hora certa. Enviar mensagens de texto cinco minutos antes para avisar os amigos do atraso se tornou uma das grosserias descartáveis da era da conectividade.
5 – Listas de telefone
Você pode encontrar tudo que quiser na internet, com dados muito mais completos do que as antigas e mofadas Páginas Amarelas.
6 – Lojas de música
Em um mundo onde as pessoas não estão dispostas a pagarem por música, cobrar delas R$ 30 por 12 músicas dentro de uma frágil caixa de plástico, definitivamente, não é um bom modelo de negócio.
7 – Memória
Quando quase todo fato, não importa quão obscuro e misterioso, pode ser esmiuçado em segundos através do Google ou do Wikipedia, o “mero” armazenamento e recuperação de conhecimentos em sua mente se tornou menos valorizado.
8 – Concentração
Quem, entre o Gmail, o Twitter, o Facebook e o Google News, consegue trabalhar? Uma nova tendência de distúrbio de concentração que se desenvolve.
9 – Decorar números de telefone
Depois de digitar os números na agenda do seu celular, você nunca mais vai olhar para eles de novo.
10 – Teorias conspiratórias
A internet é constantemente repudiada como dominada por pessoas excêntricas, mas, ao longo dos anos, se mostrou muito mais propensa para desacreditar teorias conspiratórias em vez de perpetuá-las.
11 – Preencher formulários na última página dos livros
O mais próximo disso hoje são os serviços das livrarias virtuais como “Clientes que compraram este livro também compraram…”
12 – Álbuns de fotos e projeções de slides
Facebook, Flickr e sites de impressão de fotos como Snapfish são a nova maneira pela qual compartilhamos nossas fotos. No início deste ano, a Kodak anunciou estar descontinuando a produção do seu clássico filme Kodachrome por falta de demanda.
13 – Depender de agentes de viagens para marcar férias
Para embarcar em uma viagem de férias, não precisamos mais passar obrigatoriamente pelo agente de viagens, que tenta insistentemente vender aquele pacote “imperdível”. Sites especializados montam a viagem dos sonhos dentro do orçamento possível.
14 – Adolescentes ansiosos pela sua primeira Playboy
A onipresença de pornografia gratuita e pesada na internet acabou com um dos mais temidos ritos de passagem para os meninos adolescentes: a compra de revistas de pornografia. Porque tremer na fila para comprar a última Playboy se você pode baixar montanhas de obscenidades direto na sua cama?
15 – Relógios de pulso
Ficar mexendo no bolso para pegar seu celular pode não ser tão elegante quanto olhar para um relógio de pulso, mas é mais econômico e prático do que andar por aí com dois equipamentos.
16 – Artistas ainda não descobertos
Colocar suas pinturas ou poemas online é tão fácil, que os artistas desconhecidos não têm mais desculpas.
17 – Escrever cartas
E-mail é mais rápido, barato e conveniente. Receber uma carta escrita à mão de um amigo se tornou um prazer raro, e até nostálgico. Como consequencia, frases de despedida formais como “Com as melhores saudações” foram substituídas por um simples “Valeu”.
18 – Matar tempo
Quando foi a última vez que você passou uma hora olhando o mundo pela janela, ou lendo novamente seu livro favorito? A atração da internet sobre a nossa atenção é implacável e, cada vez mais, difícil de resistir.
19 – Assistir televisão acompanhado
A internet permite que parentes e amigos assistam os mesmos programas em diferentes horários e em diferentes lugares, acabando com o significado daquele que foi um dos mais atrativos apelos culturais da classe média, a experiência compartilhada. Programas para assistir televisão juntos, se ainda existem, se limitam a eventos esportivos e reality shows.
20 – O intervalo de almoço
Você deixa o seu computador para almoçar? Ou come um sanduíche enquanto responde e-mails pessoais e confere as últimas promoções de passagens aéreas?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Foto do dia

José Serra ao ser informado da pesquisa IBOPE e que seu vice seria o Álvaro Dias

Não podemos abrir mão de tecnologia.

Presidente da Embraer aposta em licitação da FAB para continuar a crescer no mercado internacional
Mário Simas Filho e Lino Rodrigues


É comum a indústria automobilística incorporar em seus carros produzidos em série as sofisticações encontradas nas máquinas da Fórmula 1. O mesmo vale para a indústria aeronáutica. Tecnologias desenvolvidas inicialmente para a defesa aérea acabam sendo aplicadas à aviação civil, permitindo a construção de modelos cada vez mais aprimorados. Apostando nessa máxima, a Embraer, quarta maior fabricante de aviões do mundo e segunda maior exportadora do Brasil, aguarda o resultado da milionária licitação feita pela Força Aérea Brasileira (FAB) para a compra inicial de 12 caças supersônicos. A disputa é acirrada, e não está em jogo apenas a compra de aviões de guerra. Para uma gigante mundial como a Embraer, a possibilidade de incorporar novas tecnologias representa o próprio futuro. “Tecnologia não se transfere apenas porque se assinou um documento. É preciso, numa ponta, o comprometimento de quem fabrica e, na outra, a capacidade instalada para a absorção dessa tecnologia”, diz Maurício Botelho, presidente da Embraer. Na manhã da terça-feira 2, ele recebeu a reportagem de ISTOÉ e mostrou estar otimista com a possibilidade de vencer a concorrência da FAB. “Sem dúvida, nosso consórcio com os franceses para a fabricação dos Mirage 2000–5BR é o que melhor atende aos interesses do Brasil e da FAB”, afirmou.

O otimismo de Botelho é justificável. Caso vença a disputa, a Embraer e o Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA) terão acesso a todos os sistemas do Mirage 2000–5BR, inclusive seus códigos-fontes, o que permitirá à FAB inteira autonomia e independência sobre o caça e à Embraer a tecnologia necessária para poder continuar inserida no milionário e restrito mercado mundial de aviões. Nem a independência da FAB nem a total transferência tecnológica estão asseguradas nas demais propostas. Os russos, que disputam a licitação com o Sukhoi SU–35 em parceria com a Avibrás, podem até prometer acordos binacionais no setor aeroespacial, mas o avião oferecido por eles exigirá gastos suplementares da FAB para montar bases de apoio em terra, e, além disso, há informações de que a Sukhoi trabalha na finalização de uma parceria com a Boeing para a fabricação de jatos comerciais capazes de transportar de 80 a 120 passageiros, exatamente o mercado que a Embraer conquistou no mundo todo.


Fundada como estatal em 1969, a Embraer nasceu com o objetivo
de ser um pólo de desenvolvimento e de fornecimento de aeronaves
para a Força Aérea. Foi privatizada no final de 1994 e hoje é a
segunda maior exportadora do Brasil. Com sede em São José dos
Campos (SP), a empresa tem subsidiárias nos Estados Unidos, França, Austrália, China e em Cingapura e ostenta em seu currículo a marca de 1,5 mil aviões comerciais voando a serviço de 125 companhias aéreas de 30 países. Aviões de defesa também são exportados para outros 28 países. Além disso, a empresa nacional já está entregando à FAB caças F-5 e supertucanos ALX modernizados. A seguir, os principais trechos da entrevista de Botelho:

ISTOÉ – Para a Embraer, qual a real importância da licitação dos caças supersônicos feita pela FAB?
Maurício Botelho – Olhamos essa licitação de duas maneiras. A primeira é voltada para o País. O Brasil precisa ter uma efetiva capacidade de defesa aérea e isso se faz com caças supersônicos equipados com sistemas de navegação e ataque extremamente sofisticados, que permitem detectar e atacar alvos além de 40 quilômetros. Ora, isso não é feito pelo piloto. A missão é feita pelo conjunto de sistemas que integram o avião. São softwares que interligam os sistemas de detecção dos radares, de navegação do avião e os mecanismos de ataque, que estão nos mísseis. Estamos comprando máquinas de guerra, e para a Força Aérea o mais importante é assegurar a capacidade operacional desse avião e a independência sobre tudo o que faz essa máquina ser eficaz.


Aviões Tucano

ISTOÉ – Por quê?
Botelho – Há restrições estratégicas dos países que fabricam esses equipamentos. O Chile, por exemplo, comprou caças americanos. Obteve licença de importação dos aviões, mas os mísseis ficam estocados nos EUA, que devem ser comunicados com antecedência para liberá-los. Para a FAB isso não interessa.


ISTOÉ – Como a Embraer pode garantir algo diferente?
Botelho – O que oferecemos é muito diferente. Em nossa aliança
para os Mirage 2000–5BR, teremos acesso a todos os sistemas,
inclusive aos códigos-fontes, que nos permitirão colocar e programar mísseis de qualquer procedência nesses aviões. Isso assegura a independência da Força Aérea, além de nos dar toda a tecnologia
para a construção do avião.



ISTOÉ – O sr. falou da importância dessa concorrência para
a FAB. E para a Embraer?

Botelho – Chegamos onde chegamos graças a transferências tecnológicas. O primeiro projeto da Embraer foi o Xavante, produzido sob licença do fabricante italiano. Depois, veio o desenvolvimento do Bandeirante, um avião de transporte para tropas. Depois, o Tucano, um avião para treinamento militar. Veio, então, o Xingu, um avião executivo, o primeiro pressurizado, servindo também à FAB. Essa era a linha. Só crescemos com a efetiva transferência de tecnologia.







ISTOÉ – Como a Embraer se tornou uma gigante mundial?
Botelho – Começou na década de 80 e explica muito bem por que apostamos tanto nessa licitação. Na época veio o projeto AMX. Um caça-bombardeiro a jato desenvolvido em conjunto com empresas italianas. Um avião próprio para missões muito específicas, tecnologicamente muito sofisticado, mas que chegou em um momento comercialmente inviável. Ficou restrito à FAB, à Força Aérea Italiana e recentemente fechamos um contrato de fornecimento para a Venezuela. A partir do AMX, porém, houve uma revolução de engenharia e uma revolução industrial. Passamos a trabalhar com coisas que não trabalhávamos antes.


ISTOÉ – Que coisas?
Botelho – Tecnologia de jato. Dinâmica, estrutural, dos sistemas de controle de vôo, de navegação e de ataque. Uma série de coisas
que não fazíamos antes. Criou-se uma capacitação diferenciada na empresa que permitiu que na década de 90 nos tornássemos um dos líderes no mundo da aviação comercial, com a fabricação de jatos com 40, 50 lugares. A partir daí, estamos desenvolvendo essa família com aviões de 70 a 100 lugares. Se não houvesse o AMX, não teríamos a capacitação que temos hoje.

ISTOÉ – Quando veio o AMX, a Embraer já sabia onde chegaria com aquele projeto?
Botelho – A empresa visava desenvolvimento tecnológico e industrial. Mas não se sabia o que faríamos depois. Isso é assim mesmo. No final do processo, o conhecimento fica e a capacidade está instalada. Depois disso, é sua competência e criatividade que farão a empresa avançar ou não. Nessa área, quando se fala em futuro, tecnologia é um ativo do qual você não pode desistir. De 1995 a 2003, a empresa investiu US$ 1,7 bilhão. US$ 500 milhões foram só para capacitação. Não podemos ficar parados em um mercado global.

ISTOÉ – O mesmo resultado obtido com o AMX pode ser conquistado agora com os caças supersônicos?
Botelho – Sim. Quando se fala nas tecnologias supersônicas, nos conhecimentos que podem derivar da aplicação desse projeto, estamos falando de um valor que não posso abdicar. Essa licitação, para nós, é uma alavanca para o futuro. Com a tecnologia incorporada até agora, a Embraer bateu no teto.

ISTOÉ – Mas o sr. não sabe dizer o que fará exatamente com essa nova tecnologia?
Botelho – Não. Mas sei, por exemplo, que a Dassault já está desenvolvendo projetos para um avião executivo supersônico. A mesma coisa ocorre nos Estados Unidos. O Brasil não pode abrir mão de ser um dos líderes mundiais no mercado de aviões.

Alguns modelos EMBRAER





Frente verde-amarela
A Avibrás e Embraer, ambas empresas nacionais, ganharam um reforço na batalha pela venda dos 12 caças supersônicos para a Força Aérea Brasileira (FAB). Na noite da terça-feira 2, com o apoio formal de 160 deputados e senadores, foi criada a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Aeronáutica Brasileira. O objetivo é influenciar o governo na escolha dos aviões. A Avibrás disputa em associação com a empresa russa KnAAPO, e a Embraer formou consórcio com a francesa Dassault. Como o Congresso terá que aprovar a compra, a frente defende uma escolha que não se restrinja a aspectos técnicos. “Escolher uma empresa brasileira significa gerar emprego e renda no Brasil, além de o País ter acesso a tecnologias estratégicas”, defende o presidente da Frente, deputado Marcelo Ortiz (PV-SP).

Deputados da Frente lembram que a Embraer já é líder mundial na fabricação de aviões para vôos regionais e pode, a partir dessa licitação, dar um salto para o Primeiro Mundo, passando a competir neste segmento industrial em todos os níveis. Sem dúvida, é um argumento forte em favor da Embraer. A Avibrás, em parceria com os russos, aposta na possibilidade de Brasil e Rússia trabalharem juntos nos programas espaciais dos dois países, desenvolvendo, por exemplo, um novo VLS, de maior porte. Independentemente de quem vença, a composição da Frente mostra que os interesses da indústria aeroespacial brasileira estão mobilizando tanto políticos liberais favoráveis à abertura de mercado, como Delfim Netto (PP-SP) – vice-presidente da Frente –, quanto comunistas nacionalistas, como a deputada Vanessa Graziotin (PCdoB-AM). O principal argumento para o lobby a favor da indústria de aviação verde-amarela é que o Brasil não pode abrir mão de ter acesso a tecnologia de ponta.

Leonel Rocha

MINISTÉRIO DA DEFESA ESCOLHE O RAFALE




DEFESA ESCOLHE O RAFALE E DECISÃO FINAL SERÁ DO PRESIDENTE

“Depois de muitas especulações, o ministério da Defesa decidiu escolher o caça Rafale, de fabricação francesa, para integrar a Defesa Aérea brasileira.

A decisão foi tomada com base apenas em questões técnicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá convocar o Conselho de Defesa Nacional para discutir o assunto.

Uma exposição de motivos de cerca de 40 páginas que será assinada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os comandantes da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito, e da Marinha, Almirante Moura Neto, confirma a escolha. O documento está dividido entre os pontos positivos e negativos de cada um dos três aviões finalistas – Rafale (Dassault), Gripen NG (Saab) e F-18 (Boeing).


Cada parágrafo remete a documentos elaborados pela Força Aérea e pela Marinha. A Marinha foi consultada visando os porta-aviões de 50 toneladas que serão incorporados no futuro. Também foi assegurada a participação da Embraer em todas as etapas do projeto. Além disso, a empresa negocia com a França o desenvolvimento e a venda do cargueiro militar KC-390.

Em dezembro do ano passado, a Força Aérea entregou um relatório que colocaria o F-18 como vencedor e não o Gripen, como se chegou a especular. Nelson Jobim mandou a FAB refazer o documento para adequar a pontuação à Estratégia Nacional de Defesa (END).

A FAB teria utilizado os mesmos critérios do FX1, que foi cancelado no início do primeiro mandato de Lula em 2003. Na época, o custo de manutenção, o preço unitário do avião e o pacote de contrapartidas comerciais eram os itens que mais pontuavam.

Desta vez, a transferência de tecnologia valeu 40 de 100 pontos. Ao final do governo Fernando Henrique, valia apenas 9 pontos em 100. O Gripen NG teve a melhor avaliação quanto à transferência de tecnologia, mas perdeu muitos pontos em outros itens e foi considerado um projeto de alto risco. Na prática, o avião sueco só teve boa avaliação no início do processo. O Rafale, por sua vez, só foi mal no quesito preço. A hora vôo do Gripen está calculada entre US$ 7 e US$ 8 mil. A Saab prometeu que ficaria em US$ 3 mil. Confirmada a decisão, a Saab estará em maus lençóis, pois o Gripen NG é o único projeto da empresa junto com a modernização das versões C e D do mesmo avião.

A própria Suécia não adquiriu o avião e só o fará se o negócio com o Brasil sair. Já o Rafale tem mais de 100 unidades entregues e outras 180 encomendas. O modelo está bem avaliado nos Emirados Árabes Unidos e na Suíça. O F-18 Super Hornet, da Boeing, está bem cotado na Índia.

ANÁLISE DA NOTÍCIA

Marcelo Rech



O fato de o Ministério da Defesa ter optado pelo Rafale não significa que o processo está concluído ou que será confirmado pelo presidente Lula. Há uma eleição no horizonte próximo e não seria nenhuma surpresa que a decisão ficasse para a próxima administração. A escolha foi técnica. O governo acredita poder compensar, no âmbito da aliança estratégica com a França, o fato de o Rafale ser o mais caro entre os três finalistas.

A Embraer também ganha, e muito. Eleito o Gripen, ela apenas participaria do projeto. Com o Rafale, estará liderando o processo. A empresa também envolve o desenvolvimento e a comercialização do cargueiro KC-390 no negócio. Os Estados Unidos não poderiam, por lei, fechar um negócio de compra do Super Tucano em troca da venda do F-18, como se especulou recentemente.

Jobim pediu mudanças porque não aceita uma compra de prateleira, como disse várias vezes em audiências públicas realizadas no Congresso. Ele quer a industrialização da Defesa e o domínio da tecnologia pelo Brasil. E acredita que isso será possível com a eleição do Rafale."

FONTE: reportagem de Marcelo Rech publicado no correio eletrônico: inforel@inforel.org e transcrito no site WWW.fab.mil.br.
O autor, Marcelo Rech, é jornalista, editor do InfoRel e especialista em Relações Internacionais, Estratégias e Políticas de Defesa e Terrorismo e contra-insurgência.”




Nossos colegas da ALIDE (Agência Linha de Defesa) acabaram de publicar uma entrevista com Jean-Marc Merialdo, da Dassault, com informações muito importantes sobre como a Dassault vê as perspectivas de futuro do caça Rafale, seja no F-X2, na França e no resto do mundo. Também inclui alguns detalhes sobre a concorrência perdida no Marrocos, tema da matéria anterior aqui do Blog do Poder Aéreo. A seguir, alguns trechos para aguçar a curiosidade. O texto completo da entrevista pode ser acessado clicando aqui.



“…os acordos de alto nível acertados entre os dois países tendem a ser favoráveis à adoção do Rafale pela FAB.”

“…o programa está em andamento, com a linha de produção do Rafale prevista para funcionar até, pelo menos, o ano de 2025. “

“Atualmente o ritmo de produção esta na casa de 15 aeronaves por ano, mas temos ampla capacidade de expandir esse número, talvez até dobrá-lo. “

“A França não dispõe de um programa semelhante ao FMS americano. Mas sabemos que nem tudo no FMS é vantagem para o comprador. “

“Uma coisa é clara, a dois ou três anos atrás, as perspectivas comerciais para o Rafale eram muito mais estreitas, e agora, elas vêm se expandindo…”

“Ao contrário dos demais aviões, o Rafale foi concebido desde seu início para realizar todas as missões da aviação de caça. “

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Humor e Empregos

Um empresário recebe um pedido para recomendar um ex-empregado baiano (meio preguiçoso sabe, coisa muito difícil de acontecer).
Não soube muito bem o que responder pois não queria mentir, e por outro lado, se dissesse a verdade, colocaria o antigo funcionário em uma situação complicada. Depois de muito pensar, escreveu a recomendação:
“Você terá muita sorte se conseguir que ele trabalhe para você.” 



 Hoje, o desemprego no mundo é o maior registrado na história”. A frase é de Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que anunciou que a cifra de desempregados no mundo chegou à maior marca de todos os tempos, chegando a 211 milhões de pessoas, enquanto a geração de postos de trabalho manteve-se estagnada há mais de dez anos.
O relatório (aqui, no Terra, em espanhol) diz  que, se durante 1998, no mundo em desenvolvimento, para cada 100 pessoas, havia 63 postos de trabalho,  em 2008 e 2009 o número foi reduzido para 62. Esta “pequena mudança”, em escala mundial, significa, em relaçao a população total, dezenas de milhões de desempregados.
Na América Latina, onde o Brasil tem grande peso, a relação emprego / população cresceu para 61% em 2008, em comparação com 58% em 1998. Em  em 2009, com a crise, isso se reduziu, mas em 1 ponto percentual.
Daquela época para cá, a derrota política dos governos neoliberais no continente foi o que provocou esta queda.
A ONU destacou alguns avanços na  América Latina, como a porcentagem  da populaçãoque vive enfavelas, que se reduziu  de 34 por iento en 1990 para 24% em 2010. Destacou, ainda, que aqui houve avanço na taxa de mortalidade materno-infantil e avanços na igualdade de gêneros.
Enquanto a ONU registra esta crise mundial, a criação de empregos é recorde no Brasil.
Mas isso não sensibiliza a mídia, porque quase ninguém publicou isso.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Analfabeto Político




O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."
Bertolt Brecht

Bom essa e a verdade, temos que por fim a ignorância política e com o conformismo popular!

Gilson Caroni: Serra, o retorno do “Magnífico”?



Vermelho -13/05/2010




Nascido da tradição da Filosofia da História, o tempo lento, linear e previsível não costuma dar espaço para que surjam agitações trazidas por "eventos" desconstrutores de representações sedimentadas No entanto, quando constelações específicas condensam a vida, restituindo sua dimensão dialética, estamos, sem dúvida, diante de atos ou fatos inaugurais quase sempre originados na esfera política.

Por Gilson Caroni*

José Serra, em discurso na convenção do PSDB que aprovou seu nome como candidato à sucessão de Lula, mostrou desconhecer quando a história se torna presente no espaço. Sua fala aparenta ser prisioneira de um passado que, por não poder ser explicitado para eleitores mais jovens, ameaça se voltar contra ele, de forma grotesca, quase patética

Ao dizer que “não tenho esquemas, não tenho máquinas oficiais, não tenho patotas corporativas e não tenho padrinhos", Serra tenta, em vão, esconder de onde vem e quais são suas companhias. Tanto o PSDB quanto o PFL, partidos da coligação vencedora da sucessão eleitoral em 1994 e 1998, foram criaturas concebidas e direcionadas a fim de se tornarem instrumentos viabilizadores das velhas elites no sistema político hegemonizado pelo neoliberalismo. O ex-governador paulista, velho militante da AP, ressurgiu como ator de relevo no bojo da velha conciliação negociada.






É isso que faz dele o ator antagônico das novas formas de articulação entre o Estado e a sociedade civil, forjadas nos últimos oito anos de governo Lula. O tucanato representa uma época em que qualquer demanda coletiva, mesmo quando meramente setorial, encontrava barreiras quase intransponíveis na desorganização e apodrecimento dos aparelhos institucionais do Estado cartorial, submetido aos ditames do mercado.

Quando compara, de forma jocosa, Lula a Luís XIV, Serra incorre em dois erros perigosos. O primeiro mostra a indigência política de sua maneira de ver o país. O segundo traz à cena o “padrinho" que precisa ser ocultado. O desmantelamento do consórcio tucano-pefelista combinou ampliação da participação com fortalecimento institucional. O presidente petista não expressou a ameaça de uma via personalista, carismática, na qual a institucionalidade se enfraqueceu e a participação popular aumentou de forma abrupta e inorgânica

Pelo contrário, dialogando com movimentos sociais, a inclusão de novos atores se deu de forma consistente, sem prejuízo do Estado Democrático de Direito. Antes o reforçou, na medida em que conferiu maior densidade e vitalidade aos partidos políticos, entidades de classe e ao próprio processo eleitoral.

A alusão ao monarca absolutista, a quem se atribui a frase " L’État c'est moi", não só não guarda sintonia com o momento de avanços democráticos em que vivemos, como remete à genealogia política do candidato da Rede Globo, revelando o apadrinhamento rejeitado. Sim, Serra não é pouca coisa. Pontificou como gente grande no poder quando o Palácio do Planalto, no início do governo de FHC, parecia o de Lourenço, o Magnífico, fino poeta e protetor das artes em Florença. Ele permitiu a falência do banco dos Médicis.

No segundo mandato, o Planalto ficou parecido com o palácio de Lorenzaccio, príncipe intrigante e sem princípios, que assassinou o primo Alexandre e depois foi assassinado também

Na trama palaciana do tucanato, um forte componente de sua personalidade era o orgulho e alta conta em que tinha a si mesmo. O que mais temia, no entanto, ocorreu: passou à história como um fracassado na economia e um pusilânime na política, tolerante com os desmandos de seus aliados e com a corrupção. Esse é o legado que Serra, com o apoio da grande mídia corporativa e do judiciário partidarizado, pretende resgatar. Será isso o que queremos? (Grifo do contrapontoPIG)

Pretendemos voltar a um período em que ação econômica instrumentalizava a política, fazendo dela um meio de coerção para maximizar fins acumulativos? Ou desejamos manter as conquistas de oito anos de governo democrático- popular, que, enfrentando a questão social, inverteu os termos da equação?







*Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

sábado, 12 de junho de 2010

O SR NINGUÉM!

Esse é o ZÉ NINGUÉM, que lhes apresento como o VICE IDEAL de José Serra.

Zé Ninguém é um político muito conhecido nas hostes tucanas.

Ele é tratado na intimidade por, simplesmente, Sr Ninguém.

E, todos conhecem os motivos que farão dele, NINGUÉM, o VICE IDEAL:



Porque:

1- NINGUÉM ama José Serra
2- NINGUÉM quer ser o vice de José Serra.
3- NINGUÉM acredita que José Serra ganha a eleição.
4- NINGUÉM sabe que José Serra é Economista.
5- NINGUÉM viu o diploma de José Serra.
6- NINGUÉM aposta que José Serra vai parar de cair nas pesquisas.
7- NINGUÉM sabe que José Serra é mais preparado.
8- NINGUÉM quer ser o companheiro de chapa de José Serra.

e, por último, NINGUÉM acredita no dossiê contra José Serra!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Leandro Fortes: Na pista do factoide

11/06/2010

De um segundo encontro em uma confeitaria de Brasília ao roubo de arquivos, novos detalhes da mal-ajambrada trama do dossiê anti-Serra que ninguém viu

por Leandro Fortes, em Carta Capital

Nas últimas semanas, os eleitores brasileiros acompanharam o desenrolar de uma série de informações desconexas sobre um escândalo inexistente baseado em um dossiê fantasma a ser montado por uma equipe de arapongas jamais formada. Ainda assim, a história está longe de acabar. O tal dossiê, na verdade um livro sobre os bastidores do processo de privatização durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, voltará a ser notícia depois da Copa do Mundo, provavelmente no fim de julho.



É o período mais provável para o autor do texto, o repórter Amaury Ribeiro Júnior, com passagens por alguns dos principais veículos de comunicação do País e colecionador de prêmios jornalísticos, entregar ao Ministério Público Federal as informações e documentos coletados por ele ao longo de dois anos de investigação. Em seguida, vai publicar a obra, 14 capítulos que o autor acredita serem capazes de abalar os alicerces do PSDB às vésperas das eleições de outubro.



Antes, porém, é preciso esclarecer as circunstâncias que, em 5 de abril, levaram a uma mesa do restaurante Fritz, na Asa Sul de Brasília, os cinco personagens de uma trama rocambolesca, cujo início ainda tem pontos obscuros. A partir desse encontro, CartaCapital buscou reconstituir os bastidores dos acontecimentos que resultaram na crise inaugurada a partir de uma reportagem publicada pela revista Veja em 29 de maio, mas costurada antes no submundo político brasiliense, graças, em parte, ao grau de amadorismo dos envolvidos na confusão e em grande medida à guerra eleitoral que se aproxima.



Na batalha de versões estabelecidas entre as partes envolvidas no escândalo do dossiê que ninguém viu, o primeiro a falar foi, justamente, o primeiro a cair, o empresário Luiz Lanzetta, dono da agência Lanza, responsável na campanha da pré-candidata Dilma Rousseff pela contratação de profissionais da área de comunicação, 14 ao todo. No fim de março, Lanzetta diz ter percebido a existência de vazamentos de informações de dentro do comitê do PT, instalado em uma casa no Lago Sul de Brasília. Nessa altura, havia se instalado uma clara divisão na área de comunicação. De um lado, Lanzetta, levado à campanha pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, amigo de Dilma Rousseff. De outro, o grupo do paulista Rui Falcão, igualmente próximo à ex-ministra.



Atribui-se o vazamento a essa luta interna pelo controle da área de comunicação na campanha. Tanto Pimentel quanto Falcão se dizem amigos fraternais e negam qualquer divergência ou briga por mais espaço e poder.



Preocupado com os vazamentos, Lanzetta procurou apoio de um velho conhecido de fora da campanha, Ribeiro Jr.. A ideia era contratá-lo para a equipe de Dilma Rousseff de forma a conseguir também, a partir do perfil profissional do repórter, informações sobre os movimentos do adversário. Até aí, nada de novo no front eleitoral brasileiro, onde investigações mútuas entre candidatos são tão comuns quanto a impressão de “santinhos” de campanha.



Ao saber das preocupações de Lanzetta, Ribeiro Jr. decidiu convocar uma fonte antiga, o sargento Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, ex-agente da Secretaria de Inteligência da Aeronáutica (Secint). O araponga disse ao jornalista conhecer o nome certo para o serviço na casa do Lago Sul, Onézimo Sousa, ex-delegado da Polícia Federal e investigador com 30 anos de experiência. Decidiu-se marcar o citado almoço no restaurante Fritz. O quinto participante do encontro seria Benedito Oliveira Neto, empresário do setor gráfico e de eventos de Brasília, possuidor de contratos com o governo federal. Oliveira Neto teria sido convidado à reunião por Lanzetta para atuar como “testemunha”. Os dois também se conhecem de longa data.



Na versão de Lanzetta, sustentada por Oliveira Neto e Ribeiro Jr., Onézimo Sousa foi consultado somente sobre a montagem de um esquema de segurança interna do comitê da campanha petista para detectar de onde saíam os vazamentos e arranjar um jeito de evitá-los. Suspeitava-se, ainda, da existência de escutas telefônica e ambientais na casa. Segundo Lanzetta, Sousa os alertou de que era “antipetista”, mas engatou uma conversa sobre uma centena de dossiês que, segundo ele, estariam sendo produzidos por uma equipe encabeçada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) contra aliados da base do presidente Lula, principalmente do PT e do PMDB. “Ele disse que tinha sido do lado de lá, que conhecia esses caras todos”, afirma Lanzetta. O “antídoto” para os vazamentos apontados por Sousa, segundo o empresário de comunicação, seria um sistema de contraespionagem ao custo de 180 mil reais por mês. “Aí eu encerrei o assunto, me levantei e fui embora.”



A CartaCapital Sousa afirmou nunca ter oferecido serviço algum a Lanzetta ou a ninguém do PT. “Da minha parte, tenho como provar tudo que eu disse. Nunca citei o Itagiba. Fui ao restaurante, ouvi uma proposta indecente e saí”, contou o ex-delegado, em entrevista por telefone, na terça-feira 8, de um quarto de hotel localizado fora de Brasília, em local não revelado por ele. A proposta indecente seria a de investigar o candidato José Serra, interpretada por ele como ordem implícita de fazer grampos telefônicos nas linhas do tucano e de seus aliados políticos. Antes de sair do restaurante, o araponga deixou com Lanzetta um cartão de apresentação em que se lia apenas “Onézimo Sousa – Advogado – OAB-DF 13600”, seguido do endereço do escritório e dos telefones de contato.



“Estou com a consciência tranquila, porque foram eles que me chamaram. Até estranhei, porque não sou petista”, diz Sousa. Uma semana depois, o ex-delegado iria encontrar o mesmo cartão nas mãos do jornalista Policarpo Júnior, chefe da sucursal da Veja em Brasília. Como ele pode garantir ser o mesmo cartão? “Fiz uma marca de identificação nele.” Passados alguns dias da reunião no Fritz, uma equipe de repórteres da Editora Abril já estava no encalço dos participantes do almoço. Ou seja, de algu-ma forma, e com bastante rapidez, a informação havia sido vazada para a imprensa. O delegado passou a achar que o vazamento partira de alguém que esteve no encontro no restaurante.



Sousa, a quem Policarpo Jr. conhece há quase duas décadas, foi um dos primeiros a ser contatados. Quando viu o cartão de visita nas mãos do repórter, perguntou como ele havia conseguido o papel. “Ele me disse que tinha vindo da casa”, conta o ex-delegado. “Eu entendi que a Veja tem alguém lá dentro”, afirma. Por isso mesmo, concluiu que havia caído em uma armadilha, principalmente quando soube, logo depois, que também Ribeiro Jr. tinha sido entrevistado.



Por sete semanas, o staff da campanha petista ficou na expectativa sobre o que poderia ser publicado sobre o almoço do restaurante Fritz. Portanto, ao menos os mais bem informados integrantes do comitê sabiam da preparação da reportagem. Nesse intervalo, além de Sousa e Ribeiro Jr., o deputado Rui Falcão foi procurado pela revista. “Eu sabia que o assunto estava no ar. Mas eles não registraram nenhuma declaração minha”, diz Falcão.



Em 29 de maio, uma matéria truncada foi publicada em Veja com foto e declaração do ex-delegado Sousa, mas sem nenhuma linha sobre o livro de Ribeiro Jr., o que, obviamente desmontaria a tese do dossiê tão alegremente sustentada pela mídia nos últimos dias, ainda que, a exemplo do suposto grampo contra o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes (outra contribuição da revista da Editora Abril ao jornalismo “investigativo” à brasileira), faltem alicerces para manter a versão de pé.



Na iminência da publicação, Sousa decidiu enviar uma carta à revista, reproduzida na internet, onde se dizia “obrigado a manter o devido sigilo” sobre conversas com clientes e informou ter sido apenas sondado pelos petistas, apesar de não ter aceitado o serviço por “divergir cabalmente quanto à metodologia e ao direcionamento dos trabalhos a serem ali executados”. Na mesma semana, ele voltaria a falar com Policarpo Júnior, mas desta vez para fazer estardalhaço.



Em 5 de junho, Veja publicou uma entrevista com o ex-delegado, na qual ele soltou o verbo contra Lanzetta e Ribeiro Jr. Acusou o grupo petista de querer grampear Serra e lançou-se numa estratégia de virtual suicídio profissional, ao abrir as intenções de um cliente, mesmo não contratado. No mesmo dia, Lanzetta foi obrigado a se demitir da campanha de Dilma Rousseff. O ex-delegado agiu com o fígado, sobretudo, porque passou a ser acusado de ter sido cooptado pelos tucanos e, no passado, ter participado do núcleo de inteligência de Serra no Ministério da Saúde.



Não é verdade. Sousa jamais trabalhou com o deputado Itagiba ou no Ministério da Saúde, ou mesmo em ambientes comuns na Polícia Federal, onde ambos foram delegados. Quando na PF, Sousa fez fama como investigador profissional e corajoso, sobretudo no combate a traficantes de drogas e de armas no Rio de Janeiro, numa época em que coleta de provas e infiltração entre bandidos valiam mais que escutas telefônicas. Aposentado em 1995, fez carreira de investigador particular na Control Risks, uma renomada agência de investigação inglesa, com filial em São Paulo. De volta a Brasília, montou um escritório de advocacia no Setor Comercial Sul, embora ainda continuasse, eventualmente, a fazer serviços de investigação para uns poucos clientes. O que o levou a corroborar a tal história de arapongagem é uma pergunta que, talvez, só o tempo seja capaz de esclarecer.



Ribeiro Jr. também diz ter como provar “diálogo por diálogo” da conversa ocorrida no restaurante Fritz. Supõe-se, portanto, que tanto ele como Sousa tenham gravado tudo sem que um notasse o que o outro fazia. É certo que um dos dois está blefando, mas Ribeiro Jr. tem a seu favor o depoimento dos outros presentes à mesa, inclusive o sargento Idalberto, embora este não esteja nem um pouco disposto a aparecer em público. Em 2008, Dadá foi acusado de participar ilegalmente da Operação Satiagraha, ao lado do delegado Protógenes Queiroz, mas negou ter feito parte da ação.



Ribeiro Jr. alega ainda ter tido outro encontro com Sousa, 15 dias depois do almoço no Fritz, em uma confeitaria de Brasília, na presença do sargento Dadá. Na ocasião, conta o jornalista, o ex-delegado estava furioso por causa do vazamento da conversa com Lanzetta e o acusou de ter levado o assunto para a imprensa. “Ele achou que nós havíamos passado o cartão dele para a Veja”, explica Ribeiro Jr. “Mas é certo que o cartão dele foi roubado dentro da campanha. Também roubaram um arquivo do meu livro, colocado num computador da casa, daí o pânico (dos tucanos) em relação ao ‘dossiê’.” Sousa nega ter participado desse segundo encontro.



Além disso, Ribeiro Jr. acredita que algum hacker conseguiu entrar em seu notebook enquanto ele esteve hospedado em um hotel de Brasília e retirado um arquivo que só ele tinha: uma reportagem encomendada pelo jornal O Estado de Minas, mas jamais publicada, sobre as investigações que resultariam no livro intitulado Os Porões da Privataria e que conta com alguns trechos publicados na internet. A reportagem não publicada seria o tal “dossiê”. Diz o repórter: “Também roubaram relatórios dos custos- da casa onde fica o comitê de campanha de Dilma. Quando Veja ligou para o Lanzetta, já tinha tudo na mão”.



Enquanto o staff de Serra aproveitou o episódio para tentar consubstanciar uma aura de vítima ao redor do candidato tucano, a história provocou algumas mudanças no comitê petista. Aparentemente, o ex-ministro Antonio Palocci e o grupo paulista reforçaram sua posição na estrutura. Já Pimentel, obrigado a ceder a vaga de candidato ao governo de Minas Gerais ao peemedebista Hélio Costa, tende a se afastar um pouco de Brasília, até para cuidar de sua candidatura ao Senado.



A oposição está disposta a manter o tema aceso no noticiário, embora até o momento os resultados práticos da cruzada sejam quase nulos. Uma comissão mista no Congresso aprovou na quarta-feira 9 o convite a Sousa e a Dadá para deporem. No dia anterior, em viagem a São José dos Campos (SP), Dilma Rousseff negou que Pimentel tenha perdido espaço na campanha e voltou a chamar de “leviandade” a acusação de que alguém de sua equipe de campanha tenha preparado um dossiê anti-Serra. A candidata estava acompanhada de Palocci.



(Foto: Monica Alves/ AE)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

São brasileiros os ônibus que transportam craques, cartolas e passageiros

Ônibus que a Seleção Brasileira usará na Copa está personalizado

Milton Jung

Marcos Pompeu pega ônibus às 6h no extremo sul da cidade de São Paulo a caminho do trabalho. São quase três horas de viagem, nos dias de maior movimento, até a região central, passando por corredores improvisados e parando em congestionamentos intermináveis. Neste mês da Copa, ele está entusiasmado com a possibilidade de o Brasil lhe dar mais uma alegria no futebol. Adoraria assistir a um dos jogos da Seleção, ao vivo, mesmo que fosse contra a Coreia do Norte que considera a “mais fraquinha de todas”.

Estivesse em Johannesburgo, Marcos se sentiria em casa (ou quase). Aqueles ônibus que rodam nas pistas segregadas da cidade sul-africana são iguaizinhos (ou quase) aos que ele usa diariamente na capital paulista. Isto porque veio do Brasil boa parte dos ônibus usada no sistema de transporte urbano, não apenas na capital executiva, mas também em Porto Elizabeth e Cidade do Cabo, entre outras cidades.



A Marcopolo, de Caxias do Sul, exportou cerca de 800 carrocerias para veículos convencionais e articulados - estes com capacidade de até 112 passageiros. A fabricante brasileira atuou em parceria com construtores de chassis como Scania, Mercedez Bens e Volvo. Graças a Copa do Mundo, os negócios com a África do Sul cresceram 286,6% ao se comparar os anos de 2008 e 2009.



As seleções, os dirigentes da Fifa e organizadores também foram atendidos com encomendas especiais pela Marcopolo.



A turma de Joseph Blater, por exemplo, não precisará se preocupar com o frio intenso nesta época do ano. Os dois ônibus modelo Multego que transportarão os cartolas tem ar condicionado ecológico, capacidade para 39 passageiros, e poltronas mais amplas que as convencionais. Geladeira, área de convivência com mesa, monitores de TV LCD especiais, mais finos que os aparelhos encontrados no mercado, são luxos que estarão à disposição deles.



O ônibus que leva a seleção de Dunga (e nossa, também) que você vê nas imagens divulgadas aqui no Terra circulando entre o campo de treino e o estádio, o estádio e o hotel, foi construído no Brasil, também. E não é um privilégio nosso. Todas as demais seleções serão servidas com o mesmo conforto. A curiosidade é que apesar de ter o carimbo do fabricante verde e amarelo, a marca que aparece na lataria com destaque é a da montadora de automóvel Hyundai, patrocinadora da Copa.

O jornalista Ádamo Bazani, além de trabalhar na rádio CBN, é busólogo, título concedido aqueles que são especialistas e admiradores de ônibus (sim, eles existem, e são muitos). Ele me explicou que o governo sul-africano no período em que planejava o sistema de transporte para atender as exigências da Copa do Mundo, enviou representantes ao Brasil para conhecer o modelo usado em Curitiba, no Paraná, e do corredor do ABC, na região metropolitana de São Paulo. Além disso, foram à Colômbia, onde se inspiraram no Transmilênio de Bogotá, considerado um dos sistemas de transporte de passageiros rápidos mais desenvolvidos do mundo.



Conhecido pela sigla BRT - Bus Rapid Transit, o uso de pistas segregadas para ônibus é eficiente e mais barato:



“A eficiência de um corredor de ônibus moderno, com sistema de pagamento antes do embarque, estações elevadas que permitam que o solo fique na mesma altura do assoalho do ônibus, sistemas de informação eletrônica sobre linhas e horários e pontos de ultrapassagem deixam o ônibus no mesmo nível de eficiência de qualquer sistema ferroviário, porém com um custo que pode ser até 100 vezes menor e com menos interferência de obras e desapropriações do espaço urbano”, explicou Ádamo.



Apesar da escolha certa, o sistema de transporte tem apresentado falhas nestes primeiros dias de movimentação nas cidades da Copa. Na semana passada, por exemplo, centenas de torcedores chegaram atrasados ao amistoso da seleção da África do Sul contra a Colômbia, no Soccer City, devido a extensos congestionamentos. E não foi por falta de ônibus, mas de credibilidade. Os sul-africanos ainda não acreditam na eficiência dos corredores segregados e no serviço oferecido pelas empresas de ônibus, no que se parecem muito com o paulistano Marcos Pompeu que não crê nas soluções anunciadas pela prefeitura de São Paulo que promete agilizar o deslocamento da zona sul para o centro. Semana passada quando conversei com ele, ainda na capital paulista, estava disposto a comprar uma moto e deixar o “busão” de lado.
 
 
Confira abaixo as frases das 32 seleções:


África do Sul: Uma nação, orgulhosamente unida sob um arco-íris


Alemanha: Na estrada para ganhar a Copa!


Argélia: Estrela e a lua crescente com um objetivo: Vitória!


Argentina: Última parada: a glória


Austrália: Ouse Sonhar, Avance Austrália


Brasil: Lotado! O Brasil inteiro está aqui dentro!


Camarões: Os Leões Indomáveis estão de volta


Chile: Vermelho é o sangue do meu coração, Chile campeão


Coreia do Norte: 1966 de novo! Vitória para a Coreia do Norte!


Coreia do Sul: Os Gritos dos Vermelhos, República da Coreia Unida


Costa do Marfim: Elefantes, vamos lutar pela vitória!


Dinamarca: Tudo o que você precisa é uma seleção dinamarquesa e um sonho


Eslováquia: Façam tremer o gramado verde! Vamos Eslováquia!


Eslovênia: Com 11 corações valentes até o fim


Espanha: Esperança é meu caminho, vitória é meu destino


Estados Unidos Vida, Liberdade e a busca pela Vitória!


França: Todos juntos por um novo sonho em azul


Gana: A esperança da África


Grécia: A Grécia está em todos os lugares!


Holanda: Não tema os cinco grandes, tema os 11 laranjas


Honduras: Um país, uma paixão, 5 estrelas no coração!


Inglaterra: Jogando com orgulho e glória


Itália: O nosso azul no céu africano!


Japão: O espírito Samurai nunca morre! Vitória para o Japão!


México: É hora de um novo campeão!


Nigéria: Super Águias e supertorcedores, estamos unidos


Nova Zelândia: Chutando ao estilo Kiwi


Paraguai: O leão Guarani ruge na África do Sul


Portugal: Um sonho, uma ambição... Portugal campeão!


Sérvia: Joguem com o coração, liderem com um sorriso!


Suíça: Vamos, Suíça!


Uruguai: O sol brilha sobre nós! Vamos, Uruguai

domingo, 6 de junho de 2010

Folha, drogas, mentiras & dossiês

Numa versão dissimulada da manipulação que Veja e Globo fizeram de forma escancarada na última semana, a Folha de S.Paulo resolveu contar ao seu leitor na edição de sábado, dia 5 de junho, um pedaço - ínfimo - da verdadeira história por trás do suposto dossiê contra José Serra que abala a campanha demotucana e ressuscita velhas torpezas presentes nas disputas presidenciais desde o fim da ditadura. O artigo é de Saul Leblon.

Saul Leblon


O resumo-malabarista dos acontecimentos não é assinado, o que desde já sugere um produto distinto da reportagem e mais próximo de uma alta "costura’"política destinada a salvar as aparências perante leitores e eleitores depois do fiasco da operação-dossiê, que consistia em desqualificar denuncias graves –alucinadamente sempre omitidas - com o carimbo antecipado de conspiração petista. O que parece ter dado errado nesse exercício tantas vezes bem sucedido é que, primeiro, as informações negadas pelos jornalões vazaram e circulam livremente na Internet (leia http://www.conversaafiada.com.br/]; segundo, e mais complicado, a origem guarda credibilidade distinta dos dossiês eleitorais na medida em que se apóia em investigação minuciosa, ancorada em documentações muitas vezes chanceladas pela Justiça.



Na corrida contra o prejuízo, o produto oferecido aos leitores da Folha mantém a marca registrada de um certo padrão de jornalismo dissimulador , feito para confundir quando a missão de informar se revela inconveniente. É isso que está em marcha nesse momento em relação ao episódio do suposto dossiê. De forma coordenada, veículos diferentes armam um vertiginoso quebra-cabeças feitos de peças conflitantes que não se completam nunca. Dilui-se assim o que é central numa conveniente trama de sub-enredos reais ou imaginários. Valores em dinheiro totalmente contraditórios são jogados sem explicação. Declarações desencontradas diluem o principal em uma miríade de especulações laterais. Um mesmo personagem faz declarações diametralmente opostas em veículos diferentes, às vezes no mesmo dia. Sobre essa calda pegajosa que aos poucos satura e repugna mantém-se o guarda-chuva que interessa fixar. O vírus permanente da suspeição em relação ao governo, seu partido, sua candidata, seus métodos, a origem dos seus recursos, as relações internas entre seus membros enfim, tudo e todos que gravitam ao seu redor.



A chamada da primeira página da Folha segue a regra - "Jornalista e delegado são pivôs do caso do dossiê". Não há, a rigor, qualquer respaldo para essa manchete nas informações contidas na matéria interna que na verdade a desmente, ao admitir:



a) ao contrário do que Serra afirma e a Folha endossou obsequiosamente no noticiário generosos dos dias anteriores, e continua a insinuar na manchete, o comando da campanha de Dilma em Brasília não contratou nem produziu dossiê algum contra o candidato do conservadorismo brasileiro;



b) os personagens que a manchete arrola como ‘pivôs’ do caso do dossiê teriam participado, diz a matéria, de uma conversa com um publicitário indiretamente ligado à campanha do PT;



c) sempre segundo o padrão Folha de jornalismo, em meados de abril, cogitou-se criar um sistema de inteligência no comitê de Dilma, em Brasília, para detectar a presença de eventuais espiões de Serra –suspeita ancorada em sucessivos vazamentos de informações confidenciais sobre custos e recursos envolvidos na campanha;



d) a criação do ‘serviço’ relatado pela Folha –com as ressalvas anteriores sobre a qualidade da informação prestada por esse jornalismo— teria sido abortada por uma divergência de preço. Ponto. Mas e o dossiê que a Veja denunciou, o Globo repercutiu e a Folha escorou dando destaque às declarações de Serra que afirma ser de responsabilidade ‘exclusiva’ de Dilma? Aspas para o texto da Folha, novamente: a) ‘em 2 de maio’, diz o relato apócrifo, integrantes do PSDB souberam que a campanha de Dilma estaria montando [a mencionada] equipe de "inteligência" com o objetivo, deduziram, de espionar Serra’ Fecha aspas. Quem ‘deduziram’?



A matéria não esclarece, nem questiona. A Folha não revela sequer curiosidade em relação a esse núcleo central da trama que ao deduzir erroneamente –pelo que diz o próprio jornal-- criou o factóide surrado do ‘dossiê petista’, no qual embarcaram todos os veículos, bem como o candidato demotucuno, que o PT ameaça levar à justiça para provar a acusação criminosa contra Dilma Rousseff. Por fim, mas não por último, resta a embaraçosa omissão da matéria da Folha sobre o mais importante: o conteúdo efetivo dessas informações cuja divulgação – ‘circula na Internet’, diz o texto-- estremeceria a campanha demotucana, a ponto de se montar um coro despistador na tentativa de desqualifica-las por antecipação.



A dificuldade em tratar o principal é um sintoma da gravidade do que se tenta esconder. Um primeiro ponto remete ao autor das informações em litígio. Sobre esse personagem que a Folha conhece porque admite que já trabalhou na sua redação, bem como na de outros veículos de igual calibre, o texto faz menção curta sem abrir aspas para a entrevista óbvia que o assunto merece. Diz o jornal: ‘ Amaury Ribeiro Júnior ... investigou por anos o processo de privatização brasileiro iniciado nos anos do governo FHC (1995-2002)’.



Omitiu a Folha aquilo que ela e todo o meio jornalístico sabem : o jornalista Amaury Ribeiro Júnior é dono de três prêmios Esso; vernceu quatro prêmios Vladimir Herzog, é membro do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, apenas para citar alguns dados sobre a credibilidade do profissional que investigou e reuniu as informações escondidas pelo sistema midiático ao qual ele pertencia até recentemente. Não estamos falando portanto de uma Eliane Catânhede. Em frente.



Segundo a Folha a) ‘os dados começaram a ser coletados [por Ribeiro Jr] em sua passagem pelo "Estado de Minas", principal diário mineiro, próximo politicamente do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG)’ ; b) ‘a apuração começou em 2009, depois que Aécio, então ainda um potencial presidenciável, foi alvo de reportagens críticas...” Alvo de quem? Curioso, no parágrafo anterior, a Folha desqualifica o trabalho investigativo do jornalista ao espetar no "Estado de Minas" o epíteto: ‘próximo politicamente do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG)’, mas nada relaciona sobre a ‘proximidade política’ dos veículos responsáveis pelas ‘reportagens críticas’citadas em seguida apenas de raspão. A reportagem-malabarista não assinada da Folha passa olimpicamente por indagações obrigatórias de qualquer pauta cuidadosa. Que tipo de ‘reportagens críticas’; em benefício de quem foram feitas; um trecho, um exemplo?



Nada. Na verdade, a abordagem isenta exigiria quase que uma auto-imolação do diário da família Frias, uma auto-investigação das perdas e danos causados à informação por seu esférico engajamento na candidatura José Serra , indissociável do anti-lulismo praticado disciplinadamente por quase toda a sua redação.



É inescapável recordar uma passagem que condensa a radicalização inscrita em todo esse episódio, traduzido por um jornalismo de campanha – nunca assumido abertamente - praticado pelo conjunto da mídia conservadora, sobretudo a de São Paulo. Em 4 de março de 2009, o jornal "O Estado de São Paulo", por exemplo publicou – numa seqüência de disparos da mesma cepa deflagrados pela Folha, Globo etc - um artigo criticando de forma agressiva a pressão do governador mineiro Aécio Neves pela realização de prévias democráticas no PSDB para a escolha do postulante à Presidência da República. Àquela altura, a sempre oportuna prontidão do Datafolha dava a Serra 45% das intenções de voto, contra apenas 17% de Aécio Neves, que mal disfarçava o propósito de implodir a blindagem erguida em torno do rival paulista levando a disputa para fora do jogo de cartas marcadas arbitrado pela endogamia entre a cúpula do seu partido e a mídia do eixo São Paulo-Rio.



Os xiliques de Serra e a agressividade dos recados emitidos pelos jornais serristas demonstravam que nem um, nem outro, confiavam de fato nos confortáveis índices oferecidos à opinião pública interna e externa pelo instituto de pesquisas da família Frias. É nessa linha de tensão que surge o artigo "Pó pará, governador?" cujo título trazia uma insinuação de represálias sem limite, caso Aécio Neves insistisse em se colocar na disputa contra o tucano paulista. A sombra da represália, por certo em munição letal, tanto que Aécio desistiu da candidatura - ficava explícita no parágrafo final do recado assinado pelo versátil porta-voz de interesses inconfundíveis, o jornalista, advogado, escritor, administrador de empresas, pintor e etc, Mauro Chaves. Depois de denunciar o controle do mineiro sobre a imprensa do Estado [ "em Minas imprensa e governo são irmãos xifópagos"], o texto concluía: "Aécio devia refletir sobre o que disse seu grande conterrâneo João Guimarães Rosa: "Deus é paciência. O diabo é o contrário. E hoje talvez ele advertisse: Pó pará, governador?".

Era uma chamada enigmática para alguns, mas inteligível para os círculos que já ouviram insinuações recorrentes sobre hábitos pessoais do governador.



É sobre esse campo minado por uma luta que dificilmente fará de Aécio um cabo eleitoral mais que formal de José Serra, que explodiu o resultado de anos de trabalho de um premiado jornalistas investigativo do país. A coleção de dados e cifras envolvendo a família, os amigos, assessores de confiança de José Serra, seus laços societários e eleitorais com a família de Daniel Dantas e as ligações do conjunto com privatizações e movimentos milionários de dólares, dentro e fora do país, formam um latejante paiol em forma livro prestes a explodir no colo da coalizão demotucana. Desdobrado em 14 capítulos, com lançamento previsto para depois da Copa do Mundo, o artefato deixa o insone assumido, José Serra, cada vez mais distante de uma noite de sono dos justos. Pior que isso: torna mais improvável ainda que ela ocorra um dia na cama do Palácio do Planalto.
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