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sexta-feira, 21 de maio de 2010

"O mundo está ficando difícil para ser humano"

Flavio Koutzii (*)

Mesmo assim, estes dias têm sido espetaculares: a ação do presidente do Brasil. A iniciativa da diplomacia brasileira. O atrevimento de arriscar um caminho, que talvez possa evitar a guerra. A altivez de ter independência na política externa, servindo ao Brasil e também ao mundo é uma página extraordinária da nossa história.

A dimensão fica mais nítida pela trágica e grotesca reação da grande imprensa brasileira: não apóiam, não exaltam, não valorizam, não contextualizam, desde uma perspectiva brasileira, só olham do ponto de vista da América do Norte, da Hillary, dos novos falcões americanos – uma nova transgenia democrata-republicana. É o “dark side of the moon” de Obama.

Para todos que acham que não houve golpe militar em Honduras, é natural achar que o Brasil não deve “atrapalhar” a preparação da nova invasão, desta vez no Irã, e muito menos podem aceitar uma iniciativa, que vejam só, pode ajudar a paz. E dificultar a diplomacia de guerra cada vez mais acelerada dos EUA.

A imprensa brasileira - seus jornais, rádios e tevês – já não sabem bem o que são, embora saibam muito bem o que fazem. São a gripe suína do pensamento nacional. Ficaram histéricos, mas não se dão conta, nem ouvem a estridência de seus gritos. E, na verdade, já não se sabe pelo que gritam, nesses dias espetaculares, se pelos resultados da política internacional de Lula, se pelo avanço e ultrapassagem de Dilma em relação a Serra, ou se porque seus ataques, cada vez mais intensos, produzem cada vez menos efeito.

Vale a pena observar algumas manifestações desta imprensa:

No dia 19 de maio, no Jornal da Noite, William Wack recorre a uma retrospectiva histórica, onde relembra com apoio de fotos e filmes, Nasser, Nehru, Tito como experiências de independência terceiro-mundista, que já aconteceram e não deram certo, para explicar que essa é a descendência, em 2010, da política de Lula. Ou, trocando em miúdos, toda busca de autonomia, independência nacional, construção de nação que aqueles episódios testemunharam são congenitamente equivocados. O único DNA “bom” é o DNA da obediência, do colonizado, do obediente, e toda revolta deve ser condenada.

Outro exemplo é a pergunta interativa feita no tradicional programa de debates Conversas Cruzadas, da RBS TV, sobre o tema: se o Irã iria cumprir o acordo. É uma pergunta legítima, mas típica do enfoque preferencial da produção desse programa, nem em sonhos, cogitam de fazer uma pergunta que começasse, não examinando as consequências futuras, mas os significados do gesto recente: o novo peso do Brasil na política internacional.

Perderam a noção, o sentido da grandeza, a percepção da história, o significado do gesto, o valor e o peso do Brasil, a noção da Pátria, os interesses do Mundo e da Paz.

Se fazem amnésicos, não lembram nem da história recente: as invasões das “cruzadas Bush”, dos movimentos evidentes do conservadorismo americano para invadir o Irã.

E também não se lembram do passado, pois querem eternizar as condições que fizeram das grandes nações coloniais e dos grandes países industrias do século XX os dominadores e senhores da Terra. Aliás, no mesmo jornal da Noite citado, há uma passagem que claramente indica como insensato atrevimento querer alterar a “ordem natural” das coisas. Quem tem riqueza, armas, poder, tecnologia, terá cada vez mais. Quem não tem, obedecerá cada vez mais.

É disto que se trata e é isto que Lula e o Brasil enfrentam com sensibilidade e realismo, tentando romper estes limites protegendo ao mesmo tempo a possibilidade do entendimento e da Paz. Não é para qualquer um.

(*) Sociólogo, foi deputado estadual (PT-RS) e Chefe da Casa Civil do Governo Olívio Dutra.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O jogo ainda não terminou

O papel do Brasil e de lula nesta batalha global está uma a um, o Brasil conseguiu um acordo, gol, os EUA e não a ONU contra atacou e fechou um acordo de sanções ao Irã, gol dos EUA, o acordo do Brasil e Turquia será analisado pela comissão nuclear da ONU, se realmente quiserem paz, o Brasil e o mundo ganham se não a indústria da guerra ganha esta batalha.

Como disse anteriormente neste jogo de gente grande, a estratégia brasileira no geral vai muito bem e com certeza se perdermos será apenas a primeira derrota que teremos, pois recentemente vencemos na OMC o direito de retaliar os EUA e retaliamos.

Como brasileiro não tenho má vontade com os americanos, pelo contrario acho uma grande nação, mas não quero ser Americano, assim como prefiro morar no interior pela qualidade de vida, adoro a capital para fazer negocios e me divertir.

Assim creio que todo brasileiro gostaria de ter sua brasilidade respeitada e como estamos em caminho de crescimento e liderança da America do sul e caribe, nos tornamos atores de porte no cenário global, somos um dos lideres dos emergentes junto com china e india representamos mais de 65% da população mundial. E de direito reivindicarmos representatividade legal para decidirmos qual caminho tomar, enquanto houver esperança para evitar uma guerra toda ação é bem vinda.

Creio que a grande mensagem que o Brasil leva hoje ao mundo é aplicação da paz sem perder a produtividade, uma visão mais sustentavel do uso do planeta e uma divisão mais igualitária dos direitos de decisões globais (não confundir com rede globo).

E o jogo não acabou ainda esta 1 X 1.

Esta charge representa bem o desejo do PIG em relação ao brasil, seus habitantes e especialmete ao Lula.
mas como a vida imita a arte ou vice e versa podemos e vamos domar este dragão.

Denilson Bramusse.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Um ponto vista diferente a respeito da questão nuclear Brasil - Irã X EUA


Um ponto vista que não vi até agora é o seguinte.


Todo este movimento do Brasil em defender que o Irã possa desenvover suas pesquisas de enriquecimento de uranio, tem como pano de fundo intereses proprios de soberania nacional, com previsão para 2014 o Brasil já estará produzindo o enriquecimento a 20% tendo assim dominado praticamente todo o processo e em 2018 estará lançando seu primeiro submarino nuclear com produção 100% independente e tecnologia nacional.

Se o Brasil permite sanções e demonstra fraquesa neste momento poderemos ser impedidos em futuro próximo de atingir este patamar no cenário mundial, podendo se tornar exportador de uranio enriquecido para varios paises em desenvolvimento quebrando o monopolio do pequeno grupo de fornecedores de material atômico pronto para uso.


O diferencial é que o Brasil realmente está pensando no uso pacifico e comercial da tecnologia e por via das duvidas vai construir sua defesa com tecnologia nacional independente, navios e submarinos nucleares e os aviões que com certeza serão os franceses porque estes dão condições para desenvolvimento de um rafalle nacional que com certeza estrão nas frotas de varios paises começando pela america do sul, tendo de quebra desenvolvido pequenas usinas atômicas (as turbinas dos submarinos) para cidades até 50.000 habitantes e os jatos super sônicos de 90 passageiros que a EMBRAER produzirá quando dominara tecnologia das tubinas supersônicas dos Rafalles.

O Brasil entrou de vez e com cacife na corrida global e este novo ator está deixando o jogo meio desconfortavel para a atual ordem mundial.

Que orgulho do presidente Lula.

Denilson Bramusse

Brasil-Turquia 1, sanções 0

19/5/2010, Pepe Escobar, Asia Times Online



À medida que se aproximava o Dia D em Teerã, foi como se o mundo todo acompanhasse um sorteio de loteria. O presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, a caminho para Teerã, disse que as chances de convencer a República Islâmica a aceitar um acordo de troca de combustível nuclear aproximavam-se de 99%. O presidente da Rússia Dmitry Medvedev, depois de encontrar-se com Lula em Moscou, na sexta-feira passada, disse que as chances aproximavam-se mais de 33%. E o Departamento de Estado dos EUA, via secretária Hillary Clinton, estava mais para impedimento preventivo, apostando no 0%.

Lula ganhou a aposta. Se fosse partida de futebol – mês que vem, bilhões de pessoas, em todo o mundo, acompanharão a Copa do Mundo – o resultado final teria sido Brasil-Turquia 1, EUA 0, com gol da vitória no último minuto da prorrogação.

Bem-vindos ao novo eixo dos acordos: Teerã-Brasília-Ancara. Nessa 2ª-feira em Teerã, Brasil, Turquia e Irã viam seus ministros de Relações Exteriores assinarem inovador tratado de troca de combustível, pelo qual o Irã embarcará para a Turquia 1.200 kg de urânio baixo-enriquecido a 3,5%, e receberá em troca, depois de no máximo um ano, 120 kg de urânio enriquecido a 20%, para fazer funcionar o Reator de Pesquisas de Teerã – tudo sob supervisão do Irã e da Agência Internacional de Energia Atômica.

Lula descreveu o acordo como “uma vitória da diplomacia” – depois de toda a imprensa conservadora nos EUA e no Brasil tê-lo metralhado incansavelmente por intrometer-se nesse jogo de xadrez de apostas que, para aquela imprensa, seriam altas demais para seu bedelho.

Dois membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Brasil e Turquia – esgrimindo diplomacia de alta qualidade – derrotaram os EUA (e seus três aliados europeus, França, Grã-Bretanha e Alemanha), que apostavam no confronto. Foi, sobretudo, vitória dos países chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). É, de fato, o contra-poder global emergente, em oposição à hegemonia dos EUA.

Previsivelmente, o governo Obama em geral, e a secretária Clinton em especial, dedicam-se hoje a requentar a conversa velha de o Irã “não respeita compromissos assumidos”. Mas não convencerão a verdadeira “comunidade internacional” do mundo em desenvolvimento; no máximo, serão algumas quirelas jogadas para acalmar (parcialmente) o poderoso lobby pró-guerra-infinita de Washington.

Ainda não completamente sancionado

Como se constrói acordo desse tipo? Muito cuidadoso, Lula destacou que o Brasil atuava como mediador, sempre insistindo em construir “confiança” no diálogo em andamento com Teerã. Mais importante que tudo, antes de chegar a Teerã, Lula conversou demoradamente com todos os principais atores – EUA, Rússia, China e França.

Em Teerã, Lula e o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan – que só voou para Teerã no último instante –, afinal conseguiram “vender” a proposta conjunta de Brasil-Turquia, de troca de combustível nuclear, ao presidente do Irã Mahmud Ahmadinejad e ao Secretário do Conselho Supremo de Segurança do Irã Saeed Jalili, depois de 18 horas de negociações feitas a portas fechadas, à margem do encontro do Grupo dos 15. Os principais negociadores foram os ministros das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim; da Turquia Ahmet Davutoglu; e do Irã Manouchehr Mottaki.

Para Amorim do Brasil, o acordo “deve bastar” para evitar uma quarta rodada de sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã, ideia fixa obcecada de Washington/Telavive; destacou que “é exatamente o que outros países sempre disseram, que o acordo era necessário, o acordo de troca, para que as conversações pudessem prosseguir”.

Para o Chanceler brasileiro, o acordo é um “passaporte” para negociações mais amplas, de modo a assegurar que o Irã possa exercer seu “direito legítimo” de construir seu programa de pesquisas para uso civil da energia nuclear. O Chanceler turco Davutoglu disse que, agora, a bola passou para o campo da Agência Internacional de Energia Atômica: “o Irã escreverá à IAEA, e esperamos que a IAEA responda positivamente e sem demora, de modo que tenhamos resultado em pouco tempo”. E acrescentou: “Não há mais necessidade de sanções, agora que nós [Turquia e Brasil] oferecemos garantias de que só o urânio baixo-enriquecido permanecerá na Turquia”. Medvedev, embora mais contido na reação, elogiou o esforço de Brasil e Turquia e discutiu longamente com Lula, por telefone, detalhes do acordo.

Me enriqueça, baby

O acordo é semelhante, mas não idêntico, ao proposto pelo Grupo “Irã Seis” (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais a Alemanha) em outubro de 2009 em Genebra. Naquela versão do acordo, Rússia e França enriqueceriam o urânio. Teerã achou poucas as garantias que lhe ofereciam e apresentou outras possibilidades. Mas ninguém confiava em ninguém, e aquelas negociações fracassaram. Agora, a novidade é a entrada da Turquia – produto da estratégia de mediação partilhada entre Brasil e Turquia.

O coro dos “não dará resultados” já grita mais alto que show do Metallica. Previsivelmente, o anúncio, por Teerã, de que, com acordo ou sem, continuará a enriquecer urânio a 20% em seu território, já está levando EUA e Israel a tentar desacreditar toda a operação. Para a diplomacia brasileira essa é crítica extremamente fraca – e chamam a atenção para a evidência de que é a primeira vez que o Irã realmente aceita mandar combustível nuclear seu para ser (mais) enriquecido fora do país.

Franceses e alemães – fazendo coro a Washington –, já estão dizendo que o sucesso da mediação Brasil-Turquia não impedirá o Irã de fazer acordo mais amplo com a IAEA. O eixo do Ocidente está atualmente obcecadamente empenhado em impedir que o Irã enriqueça urânio em seu território – obcecação que contraria até o Tratado de Não-proliferação Nuclear (NPT).

Não há sinais – e a IAEA, nessa primavera, outra vez confirmou o diagnóstico feito em visitas anteriores – de que o material nuclear iraniano produzido na usina de Natanz esteja sendo desviado para algum programa de fabricação de armas. Não há sinais de que o Irã esteja tentando enriquecer urânio a 95%, taxa de enriquecimento necessária para qualquer programa de produção de armas nucleares. Mas não há o que desvie Washington da luta por conseguir aplicar uma quarta rodada de sanções econômicas (via o Conselho de Segurança da ONU) contra o Irã. Não importa, sequer, que não haja eleitores norte-americanos votantes no Conselho de Segurança. Não importa, sequer, que nenhum eleitor norte-americano jamais sequer se aproximará de lá.

O detalhado texto do acordo, de 10 itens, que o Chanceler Mottaki leu em conferência de imprensa em Teerã, não ganhou nem ganhará o espaço que merece na mídia ocidental corporativa; mas lá o Irã reafirma seu compromisso como signatário do NPT, reconhecido pelo Brasil e pela Turquia; e caracteriza o acordo como “ponto de partida para iniciar a cooperação”.

O Líder Supremo do Irã aiatolá Ali Khamenei, não imune ao brilho das galerias do Sul global, lembrou, depois de reunir-se com Lula, que os EUA estavam tão empenhados em minar todo o esforço do Brasil, porque não aceitam a ideia de “dois países independentes” – Brasil e Turquia – atuarem com potências diplomáticas de primeira linha.

O que provavelmente aconteceu foi que os BRICs, mais a Turquia, em esforço concertado ao longo das últimas poucas semanas, conseguiram convencer a liderança iraniana de que, sem alguma espécie de acordo, os EUA continuariam a pressionar a favor de mais e mais sanções “debilitantes” – e todos sabemos o que aconteceu ao Iraque em 2003.

E ambos, Khamenei e Ahmadinejad, parecem ter entendido a mensagem. De qualquer forma, o segredo do acordo esteve em descobrir um modo de operar que não ferisse a dignidade do Irã. Lula acertou: o conceito realmente operativo nas negociações foi “confiança”.

Resta saber se Washington e aliados render-se-ão às evidências. Ou continuarão a insistir em seu jogo de perde-perde?



O artigo original, em inglês, pode ser lido em:

http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LE19Ak01.html
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