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“Se você não for cuidadoso os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar as que estão oprimindo” (Malcolm X – 1925-1965)

“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” (Joseph Pulitzer – 1847-1911)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Gente que engana

O Conversa Afiada reproduziu o post do Cloaca News. Nós vamos ajudar propagar na rede web


Vamos refrescar a memória do PSDB...Gente que mente e engana você!!


O governo do tucano Fernando Henrique Cardoso – do qual Zé Chirico foi ministro do Planejamento e da Saúde – entregou o país ao seu sucessor com a taxa de juros na casa dos 25%.

Anteontem, dia 28, depois de sofrer um aumento, ela passou a ser de 9,5%.

Confira o histórico da taxa SELIC aqui.




Com ajuda do querido leitor Antonio Carlos, vamos fazer uma breve comparação, do governo Lula e o governo FHC, para refrescar a memória cansada do tucano José Serra:

1. Veja a comparação do Brasil antes -com FHC- e depois com Lula.

* Nos tempos de FHC, o Risco Brasil estava em 2.700 pontos.

Nos tempos de Lula, 200 pontos.

* O salário mínimo quando Lula assumiu a Presidência da República, em 2003,estava em 64 dólares.

Agora, está entre 290 e 300 dólares.

* O dólar que valia R$ 3, agora vale R$ 1,78.

* FHC não pagou a dívida com o FMI, pelo contrário, emprestava ainda mais.

Lula pagou em dólar e passou a emprestar para o FMI.

* A indústria naval, tão importante para o desenvolvimento do País, FHC não mexeu.

Lula reconstruiu.

* FHC não construiu nenhuma nova universidade.

Lula construiu dez novas universidades federais.

Quanto às extensões universitárias, no governo tucano não houve nenhuma.

No governo Lula foram 45.

* As escolas técnicas foram esquecidas na era FHC. Ele não construiu uma sequer.

Lula construiu 214.

* No campo da economia, as reservas cambiais no governo FHC foram 185 bilhões de dólares negativos.

No governo Lula, 239 bilhões de dólares positivos.

* O crédito para o povo/PIB no governo tucano foi de apenas 14%.

No governo Lula, com as políticas anticíclicas, alcançou 34%.

* Em relação à infraestrutura, FHC não construiu nenhuma estrada de ferro. Pelo contrário, privatizou.

No governo Lula, três estão em andamento.

* Quando Lula assumiu o governo, 90% das estradas rodoviárias estavam danificadas.

Agora na era Lula, 70% estão recuperadas.

* No campo da indústria automobilística, na era FHC, 20% em baixa.

Na era Lula, 30% em alta.

* Nos oito anos em que FHC presidiu o País, houve quatro crises internacionais, que arrasaram o Brasil.

Na era Lula, foi enfrentada uma grande crise, que o Brasil superou em razão das reservas acumuladas e das políticas anticíclicas empreendidas pelo governo.

* O cambio no governo FH era fixo, e estourou o Tesouro Nacional.

No governo Lula é flutuante, com ligeiras intervenções do Banco Central.

* A taxa de juros Selic atingiu na era FHC incríveis 27%.

No governo Lula chegou ao seu menor percentual desde quando foi criada, em 1983, 9,5%.

* A mobilidade social no governo tucano foi de apenas 2 milhões de pessoas.

No governo Lula, 23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza.

* FHC criou apenas 780 mil empregos em oito anos. Lula criou 12 milhões.

* O governo tucano nada investiu em infraestrutura.

Com o PAC Lula pretende investir R$ 504 bilhões até 2010 para o Saneamento Básico,Moradia Etc.

* No mercado internacional, o Brasil no governo FHC não teve crédito.

No governo Lula, o País foi reconhecido como investment grade pelas três maiores agências de classificação de risco internacionais. Deixamos de ser um país em que o capital externo só entrava para especular para ser um país de investimentos.

Lula fez mais:

* Somos respeitados no mundo inteiro como sendo o País do presente,da Copa e das Olimpíadas.

* Lula deu um aumento real (acima da inflação) de 54% ao salário

mínimo.

* Com Lula, para todas as categorias de trabalhadores, o aumento real médio foi de 26% acima da inflação.

* O PROUNI colocou milhares de jovens (muitos deles carentes) no Ensino Superior.

* Taxa de desempremprego a 7% (a taxa nos EUA "primeiro mundo", está a 10%. Espanha, 20%).

* O programa Minha Casa Minha Vida, deu lar a milhares de brasileiros carentes.

* No governo Lula, o Bolsa Família nasceu para enfrentar o maior desafio da sociedade brasileira, que é o de combater a fome e a miséria, e promover a emancipação das famílias. Lula conseguiu



Não troque o certo pelo duvidoso. Para dar continuidade ao governo Lula...Agora é Dilma

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A IDADE MENDES

Por Leandro Fortes, do Brasília, eu vi
.
No fim das contas, a função primordial do ministro Gilmar Mendes à frente do Supremo Tribunal Federal foi a de produzir noticiário e manchetes para a falange conservadora que tomou conta de grande parte dos veículos de comunicação do Brasil. De forma premeditada e com muita astúcia, Mendes conseguiu fazer com que a velha mídia nacional gravitasse em torno dele, apenas com a promessa de intervir, como de fato interveio, nas ações de governo que ameaçavam a rotina, o conforto e as atividades empresariais da nossa elite colonial. Nesse aspecto, os dois habeas corpus concedidos ao banqueiro Daniel Dantas, flagrado no mesmo crime que manteve o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda no cárcere por 60 dias, foram nada mais que um cartão de visitas. Mais relevante do que tudo foi a capacidade de Gilmar Mendes fixar na pauta e nos editoriais da velha mídia a tese quase infantil da existência de um Estado policialesco levado a cabo pela Polícia Federal e, com isso, justificar, dali para frente, a mais temerária das gestões da Suprema Corte do País desde sua criação, há mais cem anos.
Num prazo de pouco menos de dois anos, Mendes politizou as ações do Judiciário pelo viés da extrema direita, coisa que não se viu nem durante a ditadura militar (1964-1985), época em que a Justiça andava de joelhos, mas dela não se exigia protagonismo algum. Assim, alinhou-se o ministro tanto aos interesses dos latifundiários, aos quais defende sem pudor algum, como aos dos torturadores do regime dos generais, ao se posicionar publicamente contra a revisão da Lei da Anistia, de cuja à apreciação no STF ele se esquivou, herança deixada a céu aberto para o novo presidente do tribunal, ministro Cezar Peluso. Para Mendes, tal revisão poderá levar o País a uma convulsão social. É uma tese tão sólida como o conto da escuta telefônica, fábula jornalística que teve o presidente do STF como personagem principal a dialogar canduras com o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.
A farsa do grampo, publicada pela revista Veja e repercutida, em série, por veículos co-irmãos, serviu para derrubar o delegado Paulo Lacerda do comando da PF, com o auxílio luxuoso do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que se valeu de uma mentira para tal. E essa, não se enganem, foi a verdadeira missão a ser cumprida. Na aposentadoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá tempo para refletir e registrar essa história amarga em suas memórias: o dia em que, chamado “às falas” por Gilmar Mendes, não só se submeteu como aceitou mandar para o degredo, em Portugal, o melhor e mais importante diretor geral que a Polícia Federal brasileira já teve. O fez para fugir de um enfrentamento necessário e, por isso mesmo, aceitou ser derrotado. Aliás, creio, a única verdadeira derrota do governo Lula foi exatamente a de abrir mão da política de combate permanente à corrupção desencadeada por Lacerda na PF para satisfazer os interesses de grupos vinculados às vontades de Gilmar Mendes.
O presidente do STF deu centenas de entrevistas sobre os mais diversos assuntos, sobretudo aqueles sobre os quais não poderia, como juiz, jamais se pronunciar fora dos autos. Essa é, inclusive, a mais grave distorção do sistema de escolha dos nomes ao STF, a de colocar não-juízes, como Mendes, na Suprema Corte, para julgar as grandes questões constitucionais da nação. Alheio ao cargo que ocupava (ou ciente até demais), o ministro versou sobre tudo e sobre todos. Deu força e fé pública a teses as mais conservadoras. Foi um arauto dos fazendeiros, dos banqueiros, da guarda pretoriana da ditadura militar e da velha mídia. Em troca, colheu farto material favorável a ele no noticiário, um relicário de elogios e textos laudatórios sobre sua luta contra o Estado policial, os juízes de primeira instância, o Ministério Público e os movimentos sociais, entre outros moinhos de vento vendidos nos jornais como inimigos da democracia.
Na imprensa nacional, apenas CartaCapital, por meio de duas reportagens (“O empresário Gilmar” e “Nos rincões de Mendes”), teve coragem de se contrapor ao culto à personalidade de Mendes instalado nas redações brasileiras como regra de jornalismo. Por essa razão, somos, eu e a revista, processados pelo ministro. Acusa-nos, o magistrado, de má fé ao divulgar os dados contábeis do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), uma academia de cursinhos jurídicos da qual Mendes é sócio. Trata-se de instituição construída com dinheiro do Banco do Brasil, sobre terreno público praticamente doado pelo ex-governador do DF Joaquim Roriz e mantido às custas de contratos milionários fechados, sem licitação, com órgãos da União.
Assim, a figura de Gilmar Mendes, além de tudo, está inserida eternamente em um dos piores momentos do jornalismo brasileiro. E não apenas por ter sido o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão, mas, antes de tudo, por ter dado enorme visibilidade a maus jornalistas e, pior ainda, fazer deles, em algum momento, um exemplo servil de comportamento a ser seguido como condição primordial de crescimento na carreira. Foi dessa simbiose fatal que nasceu não apenas a farsa do grampo, mas toda a estrutura de comunicação e de relação com a imprensa do STF, no sombrio período da Idade Mendes.
Emblemática sobre essa relação foi uma nota do informe digital “Jornalistas & Companhia”, de abril de 2009, sobre o aniversário do publicitário Renato Parente, assessor de imprensa de Gilmar Mendes no STF (os grifos são originais):
“A festa de aniversário de 45 anos de Renato Parente, chefe do Serviço de Imprensa do STF (e que teve um papel importante na construção da TV Justiça, apontada como paradigma na área da tevê pública), realizada na tarde do último domingo (19/4), em Brasília, mostrou a importância que o Judiciário tem hoje no cenário nacional. Estiveram presentes, entre outros, a diretora da Globo, Sílvia Faria, a colunista Mônica Bergamo, e o próprio presidente do STF, Gilmar Mendes, entre outros.”
Olha, quando festa de aniversário de assessor de imprensa serve para mostrar a importância do Poder Judiciário, é sinal de que há algo muito errado com a instituição. Essa relação de Renato Parente com celebridades da mídia é, em todos os sentidos, o pior sintoma da doença incestuosa que obriga jornalistas de boa e má reputação a se misturarem, em Brasília, em cerimônias de beija-mão de caráter duvidoso. Foi, como se sabe, um convescote de sintonia editorial. Renato Parente é o chefe da assessoria que, em março de 2009, em nome de Gilmar Mendes, chamou o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), às falas, para que um debate da TV Câmara fosse retirado do ar e da internet. Motivo: eu critiquei o posicionamento do presidente do STF sobre a Operação Satiagraha e fiz justiça ao trabalho do delegado federal Protógenes Queiroz, além de citar a coragem do juiz Fausto De Sanctis ao mandar prender, por duas vezes, o banqueiro Daniel Dantas.
Certamente em consonância com o “paradigma na área de tevê pública” da TV Justiça tocada por Renato Parente, a censura na Câmara foi feita com a conivência de um jornalista, Beto Seabra, diretor da TV Câmara, que ainda foi mais além: anunciou que as pautas do programa “Comitê de Imprensa”, a partir dali, seriam monitoradas. Um vexame total. Denunciei em carta aberta aos jornalistas e em todas as instâncias corporativas (sindicatos, Fenaj e ABI) o ato de censura e, com a ajuda de diversos blogs, consegui expor aquela infâmia, até que, cobrada publicamente, a TV Câmara foi obrigada a capitular e recolocar o programa no ar, ao menos na internet. Foi uma das grandes vitórias da blogosfera, até então, haja vista nem um único jornal, rádio ou emissora de tevê, mesmo diante de um gravíssimo caso de censura e restrição de liberdade de expressão e imprensa, ter tido coragem de tratar do assunto. No particular, no entanto, recebi centenas de e-mails e telefonemas de solidariedade de jornalistas de todo o país.
Não deixa de ser irônico que, às vésperas de deixar a presidência do STF, Gilmar Mendes tenha sido obrigado, na certa, inadvertidamente, a se submeter ao constrangimento de ver sua gestão resumida ao caso Daniel Dantas, durante entrevista no youtube. Como foi administrada pelo Google, e não pelo paradigma da TV Justiça, a sabatina acabou por destruir o resto de estratégia ainda imaginada por Mendes para tentar passar à história como o salvador da pátria ameaçada pelo Estado policial da PF. Ninguém sequer tocou nesse assunto, diga-se de passagem. As pessoas só queriam saber dos HCs a Daniel Dantas, do descrédito do Judiciário e da atuação dele e da família na política de Diamantino, terra natal dos Mendes, em Mato Grosso. Como último recurso, a assessoria do ministro ainda tentou tirar o vídeo de circulação, ao menos no site do STF, dento do sofisticado e democrático paradigma de tevê pública bolado por Renato Parente.
Como derradeiro esforço, nos últimos dias de reinado, Mendes dedicou-se a dar entrevistas para tentar, ainda como estratégia, vincular o próprio nome aos bons resultados obtidos por ações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), embora o mérito sequer tenha sido dele, mas de um juiz de carreira, Gilson Dipp. Ministro do Superior Tribunal de Justiça e corregedor do órgão, Dipp foi nomeado para o cargo pelo presidente Lula, longe da vontade de Gilmar Mendes. Graças ao ministro do STJ, foi feita a maior e mais importante devassa nos tribunais de Justiça do Brasil, até então antros estaduais intocáveis comandados, em muitos casos, por verdadeiras quadrilhas de toga.
É de Gilson Dipp, portanto, e não de Gilmar Mendes, o verdadeiro registro moralizador do Judiciário desse período, a Idade Mendes, de resto, de triste memória nacional.
Mas que, felizmente, se encerra hoje.

 A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) entrou com embargos contra a decisão do STF. E articula no Congresso Nacional PECs para inscrever na Constituição a exigência do diploma para o exercício da profissão de Jornalista. Sem Gilmar na Presidência do Supremo, tudo fica mais fácil.

Ilusão de ótica II

Esta Fotografia é um jogo de sombras muito bem planejadas e o resultado parece uma pintura.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Serra tira os sapatinhos para os EUA


Serra tira os sapatinhos para os EUA

O presidenciável demotucano José Serra vai aos poucos soltando suas asinhas. Quando sua pré-candidatura foi oficializada, no início de abril, ele se fingiu de bonzinho. Evitando se confrontar com a alta popularidade do presidente Lula, afirmou que manteria o que há de positivo no atual governo e lançou o bordão adocicado “O Brasil pode mais” – que logo foi encampado pela TV Globo numa desastrada propaganda subliminar. Mas o “Serrinha paz e amor” não se sustenta. É pura estratégia eleitoral, coisa de marqueteiro esperto para embalar um produto falsificado.

Na semana passada, num evento com empresários de Minas Gerais, José Serra começou a fazer a demarcação dos projetos em disputa da eleição de outubro. Ele criticou o Plano de Aceleração do Crescimento, o que reforça a confissão à revista Veja do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que o PAC será extinto. Também afirmou que irá “rever o papel” do BNDES. O que chamou a atenção no seu discurso, porém, foi o ataque ao Mercosul. Para ele, o bloco regional “atrapalha as relações comerciais do Brasil”. O discurso deve ter agradado aos seus amos dos EUA.

“Alinhamento automático” com o império

De há muito que a política externa do presidente Lula, mais altiva e ativa na defesa da soberania nacional, é motivo de duras críticas da oposição neoliberal-conservadora. Os demotucanos nunca engoliram a prioridade dada ao Mercosul e à integração regional; tentaram sabotar o ingresso da Venezuela no bloco regional e são inimigos declarados dos governos progressistas da região; não se pronunciaram contra o golpe militar em Honduras, mas condenaram o governo por dar abrigo ao presidente deposto. Para eles, como revela José Serra, a integração latino-americana atrapalha.

Presença nauseante nos telejornais da Globo e nas páginas dos jornalões e revistonas direitistas, os embaixadores tucanos Celso Lafer, Rubens Barbosa e Luiz Felipe Lampreia sempre pregaram o retorno à política de FHC do “alinhamento automático” com os EUA. No episódio recente da ameaça do governo Lula de retaliar produtos ianques em oposição ao seu protecionismo, alguns deles saíram em defesa dos EUA. Eles temem qualquer postura mais soberana diante do império. São contra a política de diversificação comercial do Brasil, contra a ênfase nas relações Sul-Sul.

Complexo de vira-lata dos demotucanos

Este é o time do candidato José Serra. Essa é a sua orientação para a política externa. Na prática, a oposição neoliberal-conservadora sonha com o retorno ao “alinhamento automático”. Mercosul e outras iniciativas visando quebrar o unilateralismo imperial seriam enterradas com a eleição do demotucano. O Brasil regrediria para o triste período de FHC, de total subserviência às potências capitalistas – do complexo de “vira-lata”. Serra tenta se afastar da imagem desgastada de FHC, mas sua política externa seria idêntica – não como farsa, mas como tragédia no mundo atual.

Para entender o que representaria este retrocesso vale a pena ler o livro “As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos (de Collor a Lula, 1990-2004)”, do renomado historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira. Ele comprova, como farta documentação, como a política externa regrediu nos oito anos de reinado de FHC. Neste período nefasto, o país só não aderiu ao tratado neocolonial dos EUA, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), devido à reação da sociedade. Esta resistência também evitou que Alcântara, no Maranhão, virasse uma base militar ianque.

Tratamento humilhante para o Brasil

Entre outros casos vexatórios da política de FHC, Moniz Bandeira relata a sumária exoneração do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty, por este ter alertado o governo para os graves riscos da Alca. Cita a atitude acovardada do ex-ministro Celso Lafer diante das pressões dos EUA para afastar o embaixador brasileiro José Maurício Bustani da direção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), ligada à ONU, por este ter tentado evitar a guerra genocida no Iraque. Lembra ainda os discursos do ex-ministro de FHC propondo a participação do Brasil no genocídio no Iraque com base no draconiano Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR).

O ápice dessa postura subserviente se deu quando o diplomata aceitou tirar seus sapatinhos nos aeroportos dos EUA. “Em 31 de janeiro de 2002, Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores do Brasil, sujeitou-se a tirar os sapatos e ficar descalço, a fim de ser revistado por seguranças do aeroporto, ao desembarcar em Miami. Esse desaire, ele novamente aceitou antes de tomar o avião para Washington, e mais uma vez desrespeitou a si próprio e desonrou não apenas o cargo de ministro, como também o governo ao qual servia. E, ao desembarcar em Nova York, voltou a tirar os sapatos, submetendo-se, pela terceira vez, ao mesmo tratamento humilhante”.

Subserviência ou soberania nacional?

Com base nas suas pesquisas, Moniz Bandeira garante que a eleição de Lula deu início a uma guinada na política externa, retomando a trajetória seguida por Vargas e outros nacionalistas. Ele lembra os discursos do então candidato contra a Alca, a indicação de Celso Amorim e de Samuel Pinheiro para o seu Ministério de Relações Exteriores, a prioridade às negociações do Mercosul, os esforços para a construção de um bloco regional sul-americano e a frenética investida na diversificação das relações com outros países em desenvolvimento – como China, Índia e Rússia. Cita ainda os duros discursos contra a ocupação do Iraque e o veto à base ianque em Alcântara.

Para o autor, após a longa fase de subserviência ao império, as relações do Brasil com os EUA voltaram a ficar tensas. Ele registra os vários discursos hidrófobos da direita estadunidense e não descarta manobras ardilosas e violentas para sabotar o atual projeto de autonomia nacional. Mas se mostra confiante na habilidade e ousadia da atual equipe do Itamaraty. Reproduzindo artigo do jornal O Globo, ele afirma que “há tempos (Celso Amorim) avisou a embaixadora dos EUA que não há força no mundo capaz de fazê-lo tirar os sapatos durante a revista de segurança dos aeroportos americanos. ‘Vou preso, mas não tiro o sapato’”. Conforme indica Moniz Bandeira, este é o dilema do Brasil na atualidade: subserviência ou soberania nacional?

domingo, 18 de abril de 2010

A MANIPULAÇÃO DA PESQUISA DATA FOLHA

Há uma fraude, intencional "ou não", no tamanho da amostra da pesquisa Datafolha de março em relação à de fevereiro. Da pesquisa divulgada hoje ainda não há estes dados para conferir. Mas os dados de fevereiro e março, disponíveis no TSE, são suficientes como prova.



Na pesquisa de fevereiro o instituto fez entrevistas em 18 bairros na cidade de São Paulo.
Na pesquisa de março, o Datafolha elevou a pesquisa para 71 bairros na cidade de São Paulo. Porém, inexplicavelmente, não aumentou o número de bairros nem na cidade do Rio de Janeiro, nem em Belo Horizonte.
A pesquisa do Datafolha é na rua, em lugares de movimento. Cada bairro é um ponto de coleta de entrevistas de intenção de votos.
Rio e Belo Horizonte perderam importância relativa na amostragem para São Paulo:

No Rio de Janeiro (segundo colégio eleitoral) a pesquisa foi feita em 10 bairros (10 pontos de entrevista).
O eleitorado da capital paulista é 1,8 vezes maior do que o da capital fluminense. 
Pela proporção, se o Rio teve 10 pontos de coleta, São Paulo deveria escolher 18 bairros, e foi esse o número da pesquisa de fevereiro, o que estava certo. Resultado naquela data: apenas 4% de diferença entre Serra e Dilma.
Subitamente, em março, o DataFolha ampliou a coleta de amostra de São Paulo para 71 bairros. Inexplicavelmente, manteve para o Rio os mesmos 10 bairros. Resultado: a diferença aumentou para 9% entre Serra e Dilma.
Se o objetivo era ampliar a amostra para maior precisão, também seria necessário aumentar o número de bairros no Rio na mesma proporção, elevando de 10 para 39.
A mesma coisa aconteceu com Belo Horizonte. Tanto em fevereiro como em março, as pesquisas abrangeram 4 bairros. BH tem cerca de 22% do número de eleitores de São Paulo. Assim, para 18 bairros pesquisados em São Paulo em fevereiro, 4 em BH estava proporcionalmente correto. Mas para 71 bairros na capital paulista, seria necessário aumentar para 15 em BH.
O Datafolha vai argumentar que o tamanho da amostra em São Paulo não quer dizer nada, porque os resultados finais são ponderados de acordo com os dados do IBGE. É apenas uma meia verdade, pois uma pesquisa "bem feita" em São Paulo, e "mal feita" no Rio de Janeiro e Minas Gerais, afeta os resultados de toda a região sudeste e do Brasil.
Além disso, qual é a explicação para um estatístico "anabolizar" a amostragem justamente na cidade de São Paulo, onde José Serra tem índices muito melhores do que no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte? É inexplicável que um estatístico escolha fazer esse plano de amostras desbalanceado.
Está usando critérios desproporcionais ao tamanho do eleitorado, para cidades diferentes, o que nenhum estatístico faria.
O fato indiscutível é que o Datafolha mudou sua metodologia no meio do jogo, e não comunicou ao distinto público, o que, por si só, já é prá lá de suspeito.
O segundo fato indiscutível é que o Datafolha está aumentando a importância do Estado de São Paulo na pesquisa, justamente no estado onde Serra é mais forte, o que torna tudo mais suspeito ainda.
Por fim, é um engôdo, uma forma de fraude, comparar a evolução do próprio Datafolha de fevereiro para março, quando foram feitas com metodologias diferentes, com planos de amostragem diferentes.

Qual o impacto dessa lambança no resultado nacional da pesquisa não dá para saber, inclusive porque seria necessário analisar o que foi mudado também nas demais cidades.
Só o Datafolha pode explicar. Mas quem vai confiar nas explicações do Datafolha depois disso?



O Datafolha não se contentou em "anabolizar" os bairros pesquisados na cidade de São Paulo, aumentando de 18 para 71, coisa que não fez em outras capitais, como o Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Resolveu também "anabolizar" a pesquisa incluindo mais cidades do Estado de São Paulo na amostragem de sua pesquisa do mês de março em relação ao mês de fevereiro.



É preciso salientar que o Datafolha mudou essa sua amostragem, quando Dilma encostou em Serra, com a diferença caindo para 4%.
Em todos os demais estados, o número de cidades escolhidas ou não variaram ou sofreram variações pequenas: uma ou duas cidades a mais ou a menos. Até aí tudo dentro do aceitável.
O que espanta é só no Estado de São Paulo ter saltado de 25 cidades em fevereiro, para 55 cidades pesquisadas em março.
Isso preocupa porque, por exemplo, um maior número de cidades do estado de São Paulo, onde José Serra (PSDB/SP) é de longe o mais conhecido, pode estar sendo computado na pesquisa nacional como se fossem amostras de outras cidades pequenas e médias, de mesmo porte, de outros estados do Brasil, onde José Serra é impopular.
Como agravante, São Paulo não é o estado que tem mais municípios no Brasil. Perde para Minas Gerais.
Assim, com essa "metodologia do Datafolha" anabolizando São Paulo, 36% (na pesquisa de março) foi até pouco para o demo-tucano.

Minha observação:



O rastro de duvidas deixados pelo grupo folha começando pelo questionamento das pesquisas dos concorrentes antes mesmo de serem publicadas e editoriais acusatórios após suas publicações, ficou muito obvio que existia algo errado como aquele menino que fez besteira e antes de você perguntar o que aconteceu ele já vai dizendo que não foi ele. O PSDB entrou com uma representação junto ao TSE Pedindo a abertura dos dados da pesquisa Sensus que aponta empate entre Serra e Dilma usando os argumentos do grupo folha e a grande midia tem ignorado completamente os resultados de pesquisas desfavoraveis ao seu candidato serra.


Mas com o grande advento da internet e a revolução digital proporcionada pelos blogs, as informações não ficam mais restritas aos grandes grupos de midia como antigamente dificultando assim sua manipulação completa podendo ser desmascarada como neste artigo e difundida rapidamente pela blogosfera.


o Movimento dos Sem Mídia, organização não-governamental da sociedade civil constituída em 13 de outubro de 2007,dirigida pelo Eduardo Guimarães do blog Cidadania, pedirá à Justiça Eleitoral investigação rigorosa dos fatos supra mencionados, o que fará em benefício da ordem pública e da segurança da sociedade de que a eleição deste ano transcorrerá sob a égide da democracia e da justiça, o questionamento da sociedade civil organizada e um elemento fundamental para que os orgãos competentes investiguem e tomem providencias contra o abuso e manipulação destes orgãos de imprensa que de acordo com seus diretores que declararam que se consideram partidos de oposição, já que a oposição esta perdida e sem rumo.


Vamos ficar alertas porque o jogo eleitoral ainda nem começou oficialmente e se nos sentirmos intimidados, a democracia vai perder sua melhor ferramenta dos ultimos tempos, articulações já começaram no congresso para tentar responsabilizar os blogs pelos comentários dos internautas, isto depois da derrota deles na tentativa de barrar a campanha pela internet atraves dos blogs junto ao TSE.


O importante não é a Dilma estar à frente do serra.


O importante são informações verdadeiras da representatividade da opinião do povo brasileiro, não sou massa de manobra e exijo respeito.
Denilson Bramusse

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Os bastidores do futebol brasileiro

Por Rodrigo Vianna:


Reproduzo post publicado no Escrevinhador, do corintiano (e freguês no tênis) Rodrigo Vianna

Nos cadernos de Esporte dos jornais, e nos sites e blogs especializados em futebol, duas notícias ganharam destaque essa semana:

- a possibilidade de a FIFA vetar o estádio do Morumbi como sede para a Copa de 2014 (foi um “furo” do “Estadão”, depois desmentido – em parte – por outros jornais);

- a (re) eleição de Fabio Koff para dirigir o Clube dos 13 (que reúne os maiores clubes de futebol do Brasil).

Quem não acompanha futebol de perto, a essa altura, já deve ter aberto um sonolento bocejo: “ah, isso é papo pra mesa redonda, domingo à noite”.

Engano. As duas notícias estão ligadas, e são a face aparente de uma batalha – milionária e silenciosa – travada nos bastidores do esporte mais popular do Brasil.

Acompanhar essa batalha é tão importante quanto – por exemplo – saber detalhes sobre a fusão do Pão de Açúcar com as Casas Bahia. Ou discutir se o governo vai dar (mais) dinheiro para gigantes da telefonia.

Vamos por partes.

O Clube dos 13 é quem negocia os direitos de transmissão dos jogos na TV. Atualmente, a Globo é a dona do futebol no Brasil. Pagou, aproximadamente, R$ 1,5 bilhão de reais por 3 anos de exclusividade na transmissão (e repassou à Band parte dos direitos).

Vários clubes acham que o valor é baixo. Mas outros tantos clubes estão de joelhos: endividados, vivem dos adiantamentos (pelos direitos de transmissão) que a Globo oferece.

Quem conhece de perto esse mercado, concorda: a Globo paga pouco para ser a dona do futebol no Brasil.

Um grupo de dirigentes resolveu peitar a Globo e sua aliada CBF. O confronto não é aberto. É uma guerra de bastidores. Esse grupo (liderado, entre outros, pela diretoria do São Paulo F. C.) decidiu apoiar Fabio Koff para mais um mandato na presidência do Clube dos 13.

Essa turma calcula que, no próximo triênio (2012/2013/2014), o “pacote do futebol” deveria ser vendida pelo dobro: 3 bilhões de reais!

A Globo e a CBF não gostaram disso. Pra enfrentar Koff, lançaram o ex-presidente do Flamengo Kleber Leite – para enfrentar Koff.

Nessa história, claro, ninguém é bonzinho, e nem é possível ser muito esquemático – mas as forças estão assim divididas: Globo/CBF/Kleber Leite x Fabio Koff/principais lideranças do Clube dos 13.

A Globo e a a CBF perderam.

Acredita-se que isso abre a chance de negociações mais amplas para transmissão do futebol. A Globo pode perder o monopólio. Há pelo menos uma chance. A Record já lançou um comunicado sobre o fato, confiram aqui – http://esportes.r7.com/futebol/noticias/vamos-entrar-na-briga-pelo-futebol-diz-record-20100413.html.

E o que isso tudo tem a ver com a notícia de que o Morumbi não vai mais ser a sede paulista da Copa?

Conversei com 3 jornalistas que acompanham muito de perto os bastidores do esporte, e os 3 me garantiram que a fonte da tal matéria do “Estadão” seria o poderoso dueto carioca que saiu derrotado na eleição do Clube dos 13. Seria uma vingança contra o São Paulo F.C. – que fez campanha aberta por Koff, e é um dos clubes que comandam o movimento pela majoração do “pacote futebol”.

Quem diz isso é este blogueiro que – vocês sabem – não tem simpatia nenhuma pelo time do Morumbi. Mas esses são os fatos. Ou, ao menos, as versões que circulam nos bastidores do futebol.

Será que a CBF pode mesmo fazer campanha contra o Morumbi junto à FIFA? Como vingança? Ou mandou só um recado ao time do Morumbi?

A FIFA, oficialmente, nega que tenha vetado o estádio sãopaulino como sede da Copa.

Acompanhar essa história é importante.

O cenário, hoje, é menos favorável para a Globo. Não quer dizer que a emissora carioca deixará de transmitir futebol. Seria ingenuidade pensar nisso. Mas, talvez, a emissora dos Marinho tenha que entregar uma fatia do mercado para as concorrentes.
Se o novo Clube dos 13 insistir no pacote de 3 bilhões de reais, calcula-se que a Globo sozinha não teria como bancar o negócio.

Os clubes poderiam fatiar as transmissões, entregando algumas para a Globo, e outras para quem oferecer a melhor proposta. Isso em dias e horários diferentes ao longo da semana…

O tripé da Globo é futebol/novela/notícia. Esse tripé corre risco de ficar manco. Se a Globo perder uma fatia do futebol, perderá força, dinheiro e poder. Seria saudável para o público, para os clubes (que teriam opções para negociar), para o mercado publicitário (que não ficaria refém de um grupo), e para a democracia (com menos poder concentrado na mão de uma única família).

Essa seria a regra, num país mais civilizado.

Mas aqui - onde os capitalistas fazem simpósios para defender a liberdade, mas adoram um acerto cartorial pelo alto – tudo pode acontecer!

E esse “tudo pode acontecer” – sim- seria perfeito numa mesa redonda domingo à noite! Um dia eu chego lá…

Usando a inteligencia com humor

Um fazendeiro levou seu caminhão até à oficina; como não podia esperar, ele disse que iria a pé para casa, já que morava perto.

No caminho para casa, parou na loja de ferragens e comprou um balde e um galão de tinta. No armazém, ele comprou dois frangos e um ganso.

Já fora da loja, ele ficou dando tratos à bola para saber como levar as compras para casa.

Enquanto ele coçava a cabeça, apareceu uma velhinha (não muito velha) que lhe disse estar perdida; ela perguntou:

- Pode me explicar como chegar até a Rua dos Tordos, 1603?

Respondeu o fazendeiro:

- Bem, minha fazenda é ao lado dessa propriedade. Eu até a levaria até lá, mas não posso carregar tudo isso.

A velhinha sugeriu:

- Coloque o galão de tinta dentro do balde; carregue o balde em uma das mãos, um frango sob cada braço e o ganso na outra mão.

- Muito obrigado, disse o homem; a seguir partiram os dois para o destino.

No caminho, ele disse:

- Vamos cortar caminho e pegar este atalho, pois economizaremos muito tempo.

A velhinha o fitou cautelosamente e disse:

- Eu sou uma viúva solitária e não tenho marido para me defender. Como saberei se quando estivermos no atalho, você não avançará em cima de mim e levantará minha saia pra transar comigo.

O fazendeiro disse:

- Impossível! Estou carregando um balde, um galão de tinta, dois frangos e um ganso. Como eu poderia fazer isso com tudo isso nas mãos?

A velhinha respondeu:

- Coloque o ganso no chão, ponha o balde invertido sobre ele, coloque o galão sobre o balde e eu seguro os frangos...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Vem aí a frente parlamentar pela democratização da comunicação

por André Massad, na Rede Brasil Atual

São Paulo – Representantes de veículos alternativos de comunicação e blogueiros constituíram, no sábado (10), a Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom). A entidade articula produtores de mídia não comercial para o que consideram a disputa política do setor no Brasil. A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) anunciou que começa, nesta semana, a coletar assinaturas para a formação de uma frente parlamentar pela democratização da comunicação.
A carta de princípios, estatuto e diretoria foram definidos em assembleia na sede do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, no Centro da capital paulista. Entre empresários, blogueiros e produtores de rádios comunitárias, 25 pessoas participaram.
Defensora do debate pela democratização das comunicações e a única delegada do Congresso Nacional a exercer o mandato na primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), a deputada Luiza Erundina comemorou a criação da entidade empresarial. “Fico feliz de ver o primeiro dos frutos materializados – e a meu ver maduro – da Confecom”, ressaltou.
Para ela, quando o tema surgir na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados, “não precisaremos mais ficar presos aos de sempre”. A referência é a entidades como a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), por exemplo, que reúne donos de concessões pública de radiodifusores, entre as quais a Rede Globo é uma das principais forças.
A deputada anunciou que pretende coletar assinaturas na Câmara e no Senado para trabalhar pela concretização das propostas definidas na Confecom. Para a formação de blocos parlamentares é necessário contar com o apoio de 15 deputados e oito senadores – três centésimos e um décimo das casas, respectivamente. As frentes parlamentares podem contar ainda com a participação de representantes da sociedade civil organizada.
O deputado estadual Carlos Neder (PT-SP) também participou do ato político na tarde de sábado. Encaminharam notas de solidariedade aos empresários e empreendedores outros parlamentares, como os deputados federais Ivan Valente (Psol-SP), Manuela D’Avila (PCdoB-SP), Brizola Neto (PDT-RJ), Paulo Teixeira (PT-SP), Raul Pont (PT-RS), Henrique Fontana (PT-SP) e o senador Renato Casagrande (PSB-RJ).
Organização
Durante a manhã, os participantes da assembleia constituinte da organização aprovaram a Carta de Princípios. O texto inclui a defesa da “diversidade, pluralidade informativa e a liberdade de expressão para todos” e 11 princípios e objetivos. Entre eles, consta a busca por novas edições da Confecom e a universalização da banda larga.
Há ainda destaque para a democratização de concessões públicas e da aplicação de recursos de publicidade oficial e pública. Este último ponto significaria buscar canais para pleitear verbas de anúncios de governos das três instâncias do Estado. A extensão da entidade a outros estados foi defendida, com destaque para um escritório em Brasília (DF), onde seria possível acessar parlamentares e técnicos de ministérios, como a Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
Joaquim Palhares, da Carta Maior, eleito presidente da entidade, lembrou que a mobilização começou na etapa estadual paulista da Confecom. Um grupo de 20 representantes de veículos alternativos conseguiram garantir-se como delegados do setor empresarial na etapa nacional da conferência, além de exercer um papel decisivo na negociação do evento em dezembro de 2009.
Para ele, a entidade criada deve lutar por uma segunda edição da conferência, mas isso envolve um outro evento. “Se assumir (a Presidência) a direita, a direita safada, a direita vagabunda, muda tudo”, avalia. “Vamos ter de ir para a rua fazer o enfrentamento”, promete. O resultado eleitoral é, para ele, decisivo para a discussão do setor.
Do ponto de vista do funcionamento, os associados devem contribuir com financeiramente com uma anuidade. Segundo explica o jornalista Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, a proposta é incluir revistas, sites, editoras de livros, TVs na web, além de agências de comunicação e produtoras de conteúdo cultural. Além dessas empresas, blogueiros e outras pessoas físicas são tratados como “empreendedores individuais”. “Blogueiros de todo o país que quiserem participar devem ficar atentos. Em duas semanas, teremos mais novidades”, prometeu Vianna.
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Foto Imagem 1

Vou começar a postar algumas fotos que a principio pode parecer montagem mas não são.

A ilusão de ótica é uma coisa que sempre me fascinou, nos anos 90, desenvolvi vários projetos de artes plásticas (quadros e objetos decorativos) tratando deste tema, consegui resultados altamente satisfatórios e intrigantes que vou postar gradativamente neste blog.

Agora vamos começar com algumas imagens coletadas nesta grande biblioteca que é a NET.
Este é um grande exemplo de ilusão de ótica.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Diálogo entre pai e filho

- Que você vai ser quando crescer, filho?


- Presidente da República, pai.

- Puxa, filho, que legal. Mas por quê?

- Pra não precisar estudar.

- Não, filho, não é bem assim. Precisa estudar muito.

- Então quero ser vice-presidente.

- Vice, filho? Por que?

- Pra não precisar estudar. O José de Alencar também só foi até a quinta série do primário. Já posso parar.

- Não é assim, filho. Ele trabalhou muito e aprendeu.

- Pai, todo mundo que se dá bem não estudou: o presidente, o vice, a Xuxa, o Kaká, o Zeca Pagodinho…

- É que eles têm um talento…

- Ah, entendi, estudar é para quem não tem talento?

- Não, filho, pelo amor de Deus. Artista é diferente.

- O presidente e o vice não são artistas.

- Não, quer dizer, o presidente, de certo modo, até é.

- Se eu estudar, vou ganhar mais do que o Kaká?

- Menos.

- Ah, é? Então quero ir já para a escolinha.

- Você já está numa boa escola, filho.

- Quero ir pra escolinha de futebol.

- Não, filho, você precisa estudar muito. A escola abre caminhos para as pessoas. Pode-se viver dignamente. Filho, você precisa ter bons valores. Pense numa profissão, numa coisa honesta e que seja respeitada. Não quer ser médico, dentista ou, sei lá, engenheiro?

- Não. De jeito nenhum. Tô fora, pai!

- Mas por que, filho?

- Eles nunca vão ao Faustão.

- Isso não tem importância, filho. Que tal bombeiro?

- Vou querer ser astronauta ou jornalista.

- Hummm… Jornalista? Por que mesmo, filho?

- Não precisa mais ter diploma pra ser jornalista. Mas… Pensando melhor, acho que vou querer ser corrupto.

- Meu Deus, filho, não diga isso nem de brincadeira!

- Na TV disseram que ninguém se dá mal por causa da corrupção aqui no Brasil e que tudo sempre termina em pizza. Adoro pizza. Quando for corrupto, pedirei só de quatro queijos.

- Ser corrupto é muito feio, meu filho.

- Ué, pai, se é feio assim, por que Brasília está cheia deles e quase todos conseguem ser reeleitos?

- É complicado de explicar, filho. Mas isso vai mudar.

- Quero ser corrupto e praticar nepotismo.

- Cale a boca, filho, de onde tira essas barbaridades?

- É só olhar a televisão, pai. O Sarney pratica nepotismo e é presidente do Senado. Ninguém pode mexer com ele.

- Mas você sabe o que é nepotismo, filho?

- Sei. É empregar os parentes da gente.

- E você quer fazer isso?

- Claro. Assim, ia acabar com os vagabundos da família. Se eu te arrumar um emprego, você deixa…?



Enviado pela Je Pompeu, não sei quem é o autor, mas dá pra refletir muito sobre o assunto, eis o país que queremos para nossos filhos? Se sua resposta for sim, bravo, já sabe como votar nas próximas eleições para tudo isso acontecer Dilma vez.
 
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domingo, 11 de abril de 2010

Decisão do TSE sobre web é histórica

Mais uma vez a Justiça Eleitoral reafirmou o caráter de território livre da internet para a expressão de ideias. Ontem (8.abr.2010), sob a presidência do ministro Carlos Ayres Britto, o Tribunal Superior Eleitoral aprovou uma mudança no texto da Resolução nº 23.191 para liberar a realização de debates político-eleitorais entre candidatos na internet. Eliminou assim, de uma vez, a equiparação da rede mundial de computadores a emissoras de rádio e televisão para esse fim. Todas as menções restritivas à internet foram eliminadas.
Como se sabe, no Brasil, há várias regras restritivas para realização de debates eleitorais em rádio e em TV (aliás, algum dia alguém poderá argumentar a inconstitucionalidade dessas normas). O fato é que essas determinações continuam valendo, mas não se aplicam mais à web.

A decisão de ontem do TSE foi unânime e aprovada por sugestão do ministro Arnaldo Versiani, relator das resoluções que regulam as eleições deste ano e 2010.

A principal alteração da Resolução nº 23.191 se refere ao artigo 30, cuja redação inicial era: “Inexistindo acordo, os debates, inclusive os realizados na internet ou em qualquer outro meio eletrônico de comunicação, deverão obedecer as seguintes regras:”. Seguia-se então um rosário restritivo. Agora, esse artigo 30 passou a ter a seguinte redação: “Inexistindo acordo, os debates transmitidos por emissora de rádio ou televisão deverão obedecer as seguintes regras:”. Ou seja, as normas passam a valer só para emissoras de rádio e de TV.

Ao retirar qualquer regra imposta para debates na web, o TSE alinhou sua resolução a várias determinações legais recentes. A mais importante consta da ementa (resumo) do julgamento da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 130 no STF (Supremo Tribunal Federal), que considerou inconstitucional a lei 5.250, de 1967, a chamada Lei de Imprensa em uma decisão de 30.abr.2009. Eis o trecho mais relevante a respeito da web: “Silenciando a Constituição quanto ao regime da internet (rede mundial de computadores), não como se lhe recusar a qualificação de território virtual livremente veiculador de ideias e opiniões, debates, notícias e tudo o mais que signifique plenitude de comunicação”.

Mais claro, impossível.

Mas não fosse essa decisão do STF já suficiente, o Congresso tentou novamente manietar a internet por meio da aprovação da lei 12.034, em 29.set.2009, que regula as eleições de 2010. Havia ali uma tentativa inconstitucional de equiparar a web ao rádio e à TV para efeito de realização de debates eleitorais. O dispositivo foi vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua mensagem de veto ao sancionar a lei, Lula escreveu: “A internet é, por natureza, um ambiente livre para a manifestação do pensamento, sendo indevida e desnecessária a regulamentação do conteúdo relacionado à atividade eleitoral em vista da existência de mecanismos legais para evitar abusos. Ademais, a equiparação da radiodifusão com a rede mundial de computadores é tecnicamente inadequada, visto que a primeira decorre de concessão pública.”

Tudo somado, deu-se um enorme avanço institucional na direção de liberar o uso livre da internet durante períodos eleitorais no Brasil. Ainda falta muito, mas debates eleitorais, pelo menos, já estão liberados. A democracia, penhorada, agradece.

sábado, 10 de abril de 2010

Os Dez Mandamentos

Carta Maior
Os Mandamentos abaixo elencados têm um denominador comum: todos já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de atividade. São iniciativas que deram certo, e cuja generalização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável. 
Ladislau Dowbor
Como sociedade, desejamos não somente sobreviver, mas viver com qualidade de vida, e porque não, com felicidade. E isto implica elencarmos de forma ordenada os resultados mínimos a serem atingidos, com os processos decisórios correspondentes. Os Mandamentos abaixo elencados têm um denominador comum: todos já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de atividade. São iniciativas que deram certo, e cuja generalização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável. Não temos a ilusão relativamente à distância entre a realidade política de hoje e as medidas sistematizadas abaixo. Mas pareceu-nos essencial, de toda forma, elencar de forma organizada as medidas necessárias, pois ter um norte mais claro ajuda na construção de uma outra governança planetária. Não estão ordenadas por ordem de importância, pois a maioria tem implicações simultâneas e dimensões interativas. Mas todos os mandamentos deverão ser obedecidos, pois a ira dos elementos nos atingirá a todos, sem precisar esperar a outra vida. 

Considerando que a obediência à versão original dos Dez Mandamentos foi apenas aleatória, desta vez o Autor teve a prudência de acrescentar a cada Mandamento uma nota de explicação, destinada em particular aos impenitentes. 


I – Não comprarás os Representantes do Povo

Resgatar a dimensão pública do Estado: Como podemos ter mecanismos reguladores que funcionem se é o dinheiro das corporações a regular que elege os reguladores? Se as agências que avaliam risco são pagas por quem cria o risco? Se é aceitável que os responsáveis de um banco central venham das empresas que precisam ser reguladas, e voltem para nelas encontrar emprego? 

Uma das propostas mais evidentes da última crise financeira, e que encontramos mencionada em quase todo o espectro político, é a necessidade de se reduzir a capacidade das corporações privadas ditarem as regras do jogo. A quantidade de leis aprovadas no sentido de reduzir impostos sobre transações financeiras, de reduzir a regulação de banco central, de autorizar os bancos a fazerem toda e qualquer operação, somado com o poder dos lobbies financeiros tornam evidente a necessidade de se resgatar o poder regulador do estado, e para isto os políticos devem ser eleitos por pessoas de verdade, e não por pessoas jurídicas, que constituem ficções em termos de direitos humanos. Enquanto não tivermos financiamento público das campanhas, políticas que representem os interesses dos cidadãos, prevalecerão os interesses econômicos de curto prazo, os desastres ambientais e a corrupção. 


II – Não Farás Contas erradas

As contas têm de refletir os objetivos que visamos. O PIB indica a intensidade do uso do aparelho produtivo, mas não nos indica a utilidade do que se produz, para quem, e com que custos para o estoque de bens naturais de que o planeta dispõe. Conta como aumento do PIB um desastre ambiental, o aumento de doenças, o cerceamento de acesso a bens livres. O IDH já foi um imenso avanço, mas temos de evoluir para uma contabilidade integrada dos resultados efetivos dos nossos esforços, e particularmente da alocação de recursos financeiros, em função de um desenvolvimento que não seja apenas economicamente viável, mas também socialmente justo e ambientalmente sustentável. As metodologias existem, aplicadas parcialmente em diversos países, setores ou pesquisas. 

A ampliação dos indicadores internacionais como o IDH, a generalização de indicadores nacionais como os Calvert-Henderson Quality of Life Indicators nos Estados Unidos, as propostas da Comissão Stiglitz/Sen/Fitoussi, o movimento FIB – Felicidade Interna Bruta – todos apontam para uma reformulação das contas. A adoção em todas as cidades de indicadores locais de qualidade de vida – veja-se os Jacksonville Quality of Life Progress Indicators – tornou-se hoje indispensável para que seja medido o que efetivamente interessa: o desenvolvimento sustentável, o resultado em termos de qualidade de vida da população. Muito mais do que o produto (output), trata-se de medir o resultado (outcome). 


III – Não Reduzirás o Próximo à Miséria

Algumas coisas não podem faltar a ninguém. A pobreza crítica é o drama maior, tanto pelo sofrimento que causa em si, como pela articulação com os dramas ambientais, o não acesso ao conhecimento, a deformação do perfil de produção que se desinteressa das necessidades dos que não têm capacidade aquisitiva. A ONU calcula que custaria 300 bilhões de dólares (no valor do ano 2000) tirar da miséria um bilhão de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia. São custos ridículos quando se considera os trilhões transferidos para grupos econômicos financeiros no quadro da última crise financeira. O benefício ético é imenso, pois é inaceitável morrerem de causas ridículas 10 milhões de crianças por ano. O benefício de curto e médio prazo é grande, na medida em que os recursos direcionados à base da pirâmide dinamizam imediatamente a micro e pequena produção, agindo como processo anticíclico, como se tem constatado nas políticas sociais de muitos países. No mais longo prazo, será uma geração de crianças que terão sido alimentadas decentemente, o que se transforma em melhor aproveitamento escolar e maior produtividade na vida adulta. Em termos de estabilidade política e de segurança geral, os impactos são óbvios. Trata-se do dinheiro mais bem investido que se possa imaginar, e as experiências brasileira, mexicana e de outros países já nos forneceram todo o know-how correspondente. A teoria tão popular de que o pobre se acomoda se receber ajuda, é simplesmente desmentida pelos fatos: sair da miséria estimula, e o dinheiro é simplesmente mais útil onde é mais necessário. 


IV – Não Privarás Ninguém do Direito de Ganhar o seu Pão

Universalizar a garantia do emprego é viável. Toda pessoa que queira ganhar o pão da sua família deve poder ter acesso ao trabalho. Num planeta onde há um mundo de coisas a fazer, inclusive para resgatar o meio ambiente, é absurdo o número de pessoas sem acesso a formas organizadas de produzir e gerar renda. Temos os recursos e os conhecimentos técnicos e organizacionais para assegurar, em cada vila ou cidade, acesso a um trabalho decente e socialmente útil. As experiências de Maharashtra na Índia demonstraram a sua viabilidade, como o mostram as numerosas experiências brasileiras, sem falar no New Deal da crise dos anos 1930. São opções onde todos ganham: o município melhora o saneamento básico, a moradia, a manutenção urbana, a policultura alimentar. As famílias passam a poder viver decentemente, e a sociedade passa a ser melhor estruturada e menos tensionada. Os gastos com seguro-desemprego se reduzem. No caso indiano, cada vila ou cidade é obrigada a ter um cadastro de iniciativas intensivas em mão de obra.

Dinheiro emprestado ou criado desta forma representa investimento, melhoria de qualidade de vida, e dá excelente retorno. E argumento fundamental: assegura que todos tenham o seu lugar para participar na construção de um desenvolvimento sustentável. Na organização econômica, além do resultado produtivo, é essencial pensar no processo estruturador ou desestruturador gerado. A pesca oceânica industrial pode ser mais produtiva em volume de peixe, mas o processo é desastroso, tanto para a vida no mar como para centenas de milhões de pessoas que viviam da pesca tradicional. A dimensão de geração de emprego de todas as iniciativas econômicas tem de se tornar central. Assegurar a contribuição produtiva de todos, ao mesmo tempo que se augmenta gradualmente o salário mínimo e se reduz a jornada, leva simplesmente a uma prosperidade mais democrática. 


V – Não Trabalharás Mais de Quarenta Horas

Podemos trabalhar menos, e trabalharemos todos, com tempo para fazermos mais coisas interessantes na vida. A sub-utilização da força de trabalho é um problema planetário, ainda que desigual na sua gravidade. No Brasil, conforme vimos, com 100 milhões de pessoas na PEA, temos 31 milhões formalmente empregadas no setor privado, e 9 milhões de empregados públicos. A conta não fecha. O setor informal situa-se na ordem de 50% da PEA. Uma imensa parte da nação “se vira” para sobreviver. No lado dos empregos de ponta, as pessoas não vivem por excesso de carga de trabalho. Não se trata aqui de uma exigência de luxo: são incontáveis os suicídios nas empresas onde a corrida pela eficiência se tornou simplesmente desumana. O stress profissional está se tornando uma doença planetária, e a questão da qualidade de vida no trabalho passa a ocupar um espaço central. A redistribuição social da carga de trabalho torna-se hoje uma necessidade. As resistências são compreensíveis, mas a realidade é que com os avanços da tecnologia os processos produtivos tornam-se cada vez menos intensivos em mão de obra, e reduzir a jornada é uma questão de tempo. Não podemos continuar a basear o nosso desenvolvimento em ilhas tecnológicas ultramodernas enquanto se gera uma massa de excluídos, inclusive porque se trata de equilibrar a remuneração e, consequentemente, a demanda. A redução da jornada não reduzirá o bem estar ou a riqueza da população, e sim a deslocará para novos setores mais centrados no uso do tempo livre, com mais atividades de cultura e lazer. Não precisamos necessariamente de mais carros e de mais bonecas Barbie, precisamos sim de mais qualidade de vida.


VI – Não Viverás para o Dinheiro

A mudança de comportamento, de estilo de vida, não constitui um sacrifício, e sim um resgate do bom senso. Neste planeta de 7 bilhões de habitantes, com um aumento anual da ordem de 75 milhões, toda política envolve também uma mudança de comportamento individual e da cultura do consumo. O respeito às normas ambientais, a moderação do consumo, o cuidado no endividamento, o uso inteligente dos meios de transporte, a generalização da reciclagem, a redução do desperdício – há um conjunto de formas de organização do nosso cotidiano que passa por uma mudança de valores e de atitudes frente aos desafios econômicos, sociais e ambientais. 

No apagão energético do final dos anos 90 no Brasil, constatou-se como uma boa campanha informativa, o papel colaborativo da mídia, e a punição sistemática dos excessos permitiu uma racionalização generalizada do uso doméstico da energia. Esta dimensão da solução dos problemas é essencial, e envolve tanto uma legislação adequada, como sobretudo uma participação ativa da mídia. 

Hoje 95% dos domicílios no Brasil têm televisão, e o uso informativo inteligente deste e de outros meios de comunicação tornou-se fundamental. Frente aos esforços necessários para reequilibrar o planeta, não basta reduzir o martelamento publicitário que apela para o consumismo desenfreado, é preciso generalizar as dimensões informativas dos meios de comunicação. A mídia científica praticamente desapareceu, os noticiários navegam no atrativo da criminalidade, quando precisamos vitalmente de uma população informada sobre os desafios reais que enfrentamos. A pergunta a se fazer a cada ato de conusmo, não é só se “é bom para mim”, mas se é bem para o planeta e o bem comum, e buscar um equilíbrio razoável. A opção individual é essencial, mas não suficiente.

Grande parte da mudança do comportamento individual depende de ações públicas: as pessoas não deixarão o carro em casa (ou deixarão de tê-lo) se não houver transporte público, não farão reciclagem se não houver sistemas adequados de coleta. Precisamos de uma política pública de mudança do comportamento individual. 


VII – Não Ganharás Dinheiro com o Dinheiro dos Outros

Racionalizar os sistemas de intermediação financeira é viável. A alocação final dos recursos financeiros deixou de ser organizada em função dos usos finais de estímulo e orientação de atividades econômicas e sociais, para obedecer às finalidades dos próprios intermediários financeiros. A atividade de crédito é sempre uma atividade pública, seja no quadro das instituições públicas, seja no quadro dos bancos privados que trabalham com dinheiro do público, e que para tanto precisam de uma carta-patente que os autorize a ganhar dinheiro com dinheiro dos outros. A recente crise financeira de 2008 demonstrou com clareza o caos que gera a ausência de mecanismos confiáveis de regulação no setor. Nas últimas duas décadas, temos saltado de bolha em bolha, de crise em crise, sem que a relação de forças permita a reformulação do sistema de regulação em função da produtividade sistêmica dos recursos. Enquanto não se gera uma relação de forças mais favorável, precisamos batalhar os sistemas nacionais de regulação financeira. O dinheiro não é mais produtivo onde rende mais para o intermediário: devemos buscar a produtividade sistêmica de um recurso que é público. 

A Coréia do Sul abriu recentemente um financiamento de 36 bilhões de dólares para financiar transporte coletivo e alternativas energéticas, gerando com isto 960 mil empregos. O impacto positivo é ambiental pela redução de emissões, é anti-cíclico pela dinamização da demanda, é social pela redução do desemprego e pela renda gerada, é tecnológico pelas inovações que gera nos processos produtivos mais limpos. Tem inclusive um impacto raramente considerado, que é a redução do tempo vida que as pessoas desperdiçam no transporte. Trata-se aqui, evidentemente, de financiamento público, pois os bancos comerciais não teriam esta preocupação, nem esta visão sistêmica. (UNEP,Global Green New Deal, 2009). Em última instância, os recursos devem ser tornados mais acessíveis segundo que os objetivos do seu uso sejam mais produtivos em termos sistêmicos, visando um desenvolvimento mais inclusivo e mais sustentável. A intermediação financeira é um meio, não é um fim. 

Particular atenção precisa ser dada aos intermediários que ganham apenas nos fluxos entre outros intermediários – com papéis que representam direitos sobre outros papéis – e que têm tudo a ganhar com a maximização dos fluxos, pois são remunerados por comissões sobre o volume e ganhos, e geram portanto volatilidade e pro-ciclicidade, com os monumentais volumes que nos levaram por exemplo a valores em derivativos da ordem de 863 trilhões de dólares em junho de 2008, 15 vezes o PIB mundial. A intermediação especulativa – diferentemente das intermediação de compras e vendas entre produtores e utilizadores finais – apenas gera uma pirâmide especulativa e insegurança, além de desorganizar os mercados e as políticas econômicas (1)


VIII – Não Tributarás Boas Iniciativas

A filosofia do imposto, de quem se cobra, e a quem se aloca, precisa ser revista. Uma política tributária equilibrada na cobrança, e reorientada na aplicação dos recursos, constitui um dos instrumentos fundamentais de que dispomos, sobretudo porque pode ser promovida por mecanismos democráticos. O eixo central não está na redução dos impostos, e sim na cobrança socialmente mais justa e na alocação mais produtiva em termos sociais e ambientais. A taxação das transações especulativas (nacionais ou internacionais) deverá gerar fundos para financiar uma série de políticas essenciais para o reequilíbrio social e ambiental. O imposto sobre grandes fortunas é hoje essencial para reduzir o poder político das dinastias econômicas (10% das famílias do planeta é dono de 90% do patrimônio familiar acumulado no planeta). O imposto sobre a herança é fundamental para dar chances a partilhas mais equilibradas para as sucessivas gerações. O imposto sobre a renda deve adquirir mais peso relativamente aos impostos indiretos, com alíquotas que permitam efetivamente redistribuir a renda. É importante lembrar que as grandes fortunas do planeta em geral estão vinculadas não a um acréscimo de capacidades produtivas do planeta, e sim à aquisição maior de empresas por um só grupo, gerando uma pirâmide cada vez mais instável e menos governável de propriedades cruzadas, impérios onde a grande luta é pelo controle do poder financeiro, político e midiático, e a apropriação de recursos naturais. 

O sistema tributário tem de ser reformulado no sentido anti-cíclico, privilegiando atividades produtivas e penalizando as especulativas; no sentido do maior equilíbrio social ao ser fortemente progressivo; e no sentido de proteção ambiental ao taxar emissões tóxicas ou geradoras de mudança climática, bem como o uso de recursos naturais não renováveis (2)

O poder redistributivo do Estado é grande, tanto pelas políticas que executa – por exemplo as políticas de saúde, lazer, saneamento e outras infra-estruturas sociais que melhoram o nível de consumo coletivo – como pelas que pode fomentar, como opções energéticas, inclusão digital e assim por diante. Fundamental também é a política redistributiva que envolve política salarial, de previdência, de crédito, de preços, de emprego.

A forte presença das corporações junto ao poder político constitui um dos entraves principais ao equilíbrio na alocação de recursos. O essencial é assegurar que todas as propostas de alocação de recursos sejam analisadas pelo triplo enfoque econômico, social e ambiental. No caso brasileiro, constatou-se com as recentes políticas sociais (“Bolsa-Família”, políticas de previdência etc.) que volumes relativamente limitados de recursos, quando chegam à “base da pirâmide”, são incomparavelmente mais produtivos, tanto em termos de redução de situações críticas e consequente aumento de qualidade de vida, como pela dinamização de atividades econômicas induzidas pela demanda local. A democratização aqui é fundamental. A apropriação dos mecanismos decisórios sobre a alocação de recursos públicos está no centro dos processos de corrupção, envolvendo as grandes bancadas corporativas, por sua vez ancoradas no financiamento privado das campanhas. 


IX – Não Privarás o Próximo do Direito ao Conhecimento

Travar o acesso ao conhecimento e às tecnologias sustentáveis não faz o mínimo sentido. A participação efetiva das populações nos processos de desenvolvimento sustentável envolve um denso sistema de acesso público e gratuito à informação necessária. A conectividade planetária que as novas tecnologias permitem constitui uma ampla via de acesso direto. O custo-benefício da inclusão digital generalizada é simplesmente imbatível, pois é um programa que desonera as instâncias administrativas superiores, na medida em que as comunidades com acesso à informação se tornam sujeitos do seu próprio desenvolvimento. A rapidez da apropriação deste tipo de tecnologia até nas regiões mais pobres se constata na propagação do celular, das lan houses mais modestas. O impacto produtivo é imenso para os pequenos produtores que passam a ter acesso direto a diversos mercados tanto de insumos como de venda, escapando aos diversos sistemas de atravessadores comerciais e financeiros. A inclusão digital generalizada é um destravador potente do conjunto do processo de mudança que hoje se torna indispensável. 

O mundo frequentemente esquece que 2 bilhões de pessoas ainda cozinham com lenha, área em que há inovações significativas no aproveitamento calórico por meio de fogões melhorados. Tecnologias como o sistema de cisternas do Nordeste, de aproveitamento da biomassa, de sistemas menos agressivos de proteção dos cultivos etc., constituem um vetor de mudança da cultura dos processos produtivos. A criação de redes de núcleos de fomento tecnológico online, com ampla capilaridade, pode se inspirar da experiência da Índia, onde foram criados núcleos em praticamente todas as vilas do país. O World Economic and Social Survey 2009 é particularmente eloquente ao defender a flexibilização de patentes no sentido de assegurar ao conjunto da população mundial o acesso às informações indispensáveis para as mudanças tecnológicas exigidas por um desenvolvimento sustentável. 


X – Não Controlarás a Palavra do Próximo

Democratizar a comunicação tornou-se essencial. A comunicação é uma das áreas que mais explodiu em termos de peso relativo nas transformações da sociedade. Estamos em permanência cercados de mensagens. As nossas crianças passam horas submetidas à publicidade ostensiva ou disfarçada. A indústria da comunicação, com sua fantástica concentração internacional e nacional - e a sua crescente interação entre os dois níveis - gerou uma máquina de fabricar estilos de vida, um consumismo obsessivo que reforça o elitismo, as desigualdades, o desperdício de recursos como símbolo de sucesso. O sistema circular permite que os custos sejam embutidos nos preços dos produtos que nos incitam a comprar, e ficamos envoltos em um cacarejo permanente de mensagens idiotas pagas do nosso bolso. Mais recentemente, a corporação utiliza este caminho para falar bem de si, para se apresentar como sustentável e, de forma mais ampla, como boa pessoa. O espectro eletromagnético em que estas mensagens navegam é público, e o acesso a uma informação inteligente e gratuita para todo o planeta, é simplesmente viável. Expandindo gradualmente as inúmeras formas alternativas de mídia que surgem por toda parte, há como introduzir uma cultura nova, outras visões de mundo, cultura diversificada e não pasteurizada, pluralismo em vez de fundamentalismos religiosos ou comerciais. 

O fato que mais inspira esperança é a multiplicação impressionante de iniciativas nos planos da tecnologia, dos sistemas de gestão local, do uso da internet para democratizar o conhecimento, da descoberta de novas formas de produção menos agressivas, de formas mais equilibradas de acesso aos recursos. O Brasil neste plano tem mostrado que começar a construir uma vida mais digna para o “andar de baixo”, para os dois terços de excluídos, não gera tragédias para os ricos. Inclusive, numa sociedade mais equilibrada, todos passarão a viver melhor. Tolerar um mundo onde um bilhão de pessoas passam fome, onde 10 milhões de crianças morrem anualmente de causas ridículas, e onde se dilapidam os recursos naturais das próximas gerações, em proveito de fortunas irresponsáveis, já não é possível. 

Nesta época interativa, o Altíssimo declarou-se disposto a considerar outros Mandamentos. Sendo o Secretariado do Altíssimo hoje bem equipado, os que por acaso tenham sugestões ou necessitem consultar documentos mais completos, poderão se instruir com outros Assessores, em linha direta sob www.criseoportunidade.wordpress.com. Críticas, naturalmente, deverão ser endereçadas a Instâncias Superiores. Apreciações positivas e sugestões de outros Mandamentos poderão ser enviadas ao blog acima citado, ou no e-mail ladislau@dowbor.org 


NOTAS



(1) BIS Quarterly Review, December 2008, Naohiko Baba et al., www.bis.org/publ/qtrpdf/r_qt0812b.pdf p. 26: “In November, the BIS released the latest statistics based on positions as at end-june 2008 in the global over-the-counter (OTC) derivatives markets. The notional amounts outstanding of OTC derivatives continued to expand in the first half of 2008. Notional amounts of all types of OTC contracts stood at $863 trillion at the end of June, 21% higher than six months before”. São 863 trilhões de dólares de derivativos emitidos, frente a um PÌB mundial de cerca de 60 trilhões. 

(2) Susan George traz uma ilustração convincente: um bilionário que aplica o seu dinheiro com uma conservadora remuneração de 5% ao ano, aumenta a sua fortuna em 137 mil dólares por dia. Taxar este tipo de ganhos não é “aumentar os impostos”, é corrigir absurdos. 

A tecnologia a favor da notícia

Por Marcel Stefano

 O site Comunique-se soltou a notícia que depois do Blog da Petrobrás, agora a GM do Guarujá está filmando as atitudes da imprensa.
Incomodada por se tornar vidraça, a mídia agora reclama de estar sendo constrangida. É aquele negócio, só a mídia tradicional pode constranger, quer dizer, filmar. Quando o inverso acontece, a filmagem ganha novo nome: constrangimento.
É assim que age a imprensa. Ela vive em seu mundinho paralelo, em seu Estado paralelo onde ela pode tudo e ninguém pode nada. A imprensa pode filmar, mas não pode ser filmada. Pode criticar, mas não criticada. Pode julgar e não pode ser julgada. Caso aconteça, corre alegar estar sendo cerceada na “liberdade da imprensa”. Os destemidos repórteres viram frágeis quando são alvos dos mesmos métodos que usam para observar o outro. Risível, no mínimo.
Isso acontece pois a mídia não se deu conta ainda que não pode viver em um Estado paralelo, onde regras e leis só valem para os outros. Qual o medo de ser filmada? Quem age na legalidade não teme ser filmada.
Até tempos atrás, a mídia batia nas entidades que precisavam dos meios de comunicação para se defender. Com a internet, essas mesmas entidades encontraram seu próprio veículo de comunicação para se manifestar e protestar contra os abusos e absurdos publicados por determinados veículos. O Blog da Petrobrás é um exemplo. Começou a publicar o que os jornalões perguntavam e o que era publicado e, com isso, desmascaravam as tramóias feitas pela imprensa. É só procurar como o Blog da Petrobrás foi alvo de reclamações dos coleguinhas.
Agora, as entidades passam a filmar e documentar o trabalho da mídia. E a mídia – que faz o mesmo – acusa de constrangimento? Neste processo big brother da mídia só restarão os que trabalharem de maneira correta e ética. Seja bem vinda a tecnologia.

A notícia é essa aqui:
“Guardas Municipais filmam atuação da imprensa no Guarujá
Izabela Vasconcelos, de São Paulo
Repórteres da baixada santista, litoral de São Paulo, reclamam que a Guarda Civil Municipal (GCM) de Guarujá, há cerca de um mês, filma o trabalho da imprensa local em eventos e manifestações relacionados ao órgão municipal. De acordo com a prefeitura do município, a ação não tem o propósito de intimidar os jornalistas.
Segundo Manoel Antonio Vergara, que mantém o blog “Inconfidências do Guarujá”, as filmagens teriam começado depois que um repórter do jornal A Tribuna, de Santos, foi agredido por um guarda municipal enquanto cobria uma manifestação. “Eles alegam que foi isso, mas é um jeito de intimidar a imprensa”. Vergara também diz que a prefeitura tenta proibir a distribuição do Inconfidentes, versão impressa do blog, que estaria bloqueado para acesso na repartição municipal.
Apesar disso, para ele, o problema maior está no ato de filmar os trabalhos dos jornalistas. “Constranger a imprensa assim é um problema grave”, critica.
O repórter fotográfico do jornal A Tribuna, Edison Baraçal, que trabalha há 24 anos no veículo, concorda com Vergara. “Os jornalistas não trabalham mais tranquilos, a gente está trabalhando e eles filmando. Estamos conversando com presidente do sindicato para ver como resolver isso”, afirmou.
Prefeitura diz que filmagem é praxe
A Prefeitura de Guarujá, por meio de nota, negou que tenha orientado os guardas a filmar os jornalistas. De acordo com o órgão, a iniciativa é apenas uma forma de resguardar a Guarda Civil e garantir a fidedignidade do serviço prestado pela corporação.
“O município ressalta ainda que as imagens produzidas pela corporação nestes eventos servem como ferramenta de avaliação da conduta dos profissionais que trabalham cotidianamente para proteger os interesses de Guarujá e lembra que o trabalho dos GCMs não tem qualquer interesse de constranger ou tolher o direito a livre expressão e manifestação do pensamento”, diz a nota. A prefeitura também informou que não houve nenhuma restrição ou bloqueio ao blog “Inconfidentes do Guarujá”.
O diretor regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais em Santos, Carlos Alberto Ratton, se diz surpreso com a resposta da prefeitura e alega que a ação tem mesmo o propósito de intimar a imprensa. “É uma afronta o que eles fazem. Até onde eu sei, não existe isso em lugar nenhum do Brasil, só lá. É um constrangimento para os jornalistas”, contesta Ratton, que disse que desde a agressão ao repórter de A Tribuna, tenta conversar com a prefeitura, mas até agora sem sucesso.”
Link: http://www.comunique-se.com.br/
Recomendo tb os comentários, bastante elucidativos…
Eu só queria que alguém me respondesse porque filmar um evento (inclusive os jornalistas nele presentes) poderia corresponder a intimidar a imprensa… eles (os jornalistas) fazem alguma coisa errada?

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